O antigo ministro das Finanças remete para Carlos Costa a responsabilidade da injeção de 1,1 mil milhões de euros no banco. BdP "confirmou a solvabilidade e viabilidade de longo prazo do Banif ".
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Na resposta enviada à Comissão Parlamentar de Inquérito, Vítor Gaspar é claro na responsabilização do Banco de Portugal, pela decisão de recapitalizar o Banif, ao garantir que essa "era a melhor salvaguarda da estabilidade financeira, dos interesses do Estado e dos contribuintes".
"Em qualquer caso, a posição determinante foi a do Banco de Portugal. Acresce que o Banco de Portugal, para além de considerar que esta solução minimizava custos e riscos para os contribuintes, confirmou a solvabilidade e viabilidade de longo prazo do Banif nas condições de recapitalização", escreve Gaspar, nas respostas enviadas aos deputados, em sintonia com as declarações de Maria Luís Albuquerque, antiga secretária de Estado do Tesouro.
O antigo ministro das Finanças lembra que "a estabilidade financeira, o financiamento da economia - em particular nas ilhas atlânticas - e a existência de custos orçamentais imediatos no caso de opção por um cenário de resolução", foram razões que pesaram na decisão.
Vítor Gaspar recorda que o "o Banif não cumpria os rácios de capital desde 2011" e que "a situação continuou a agravar-se consideravelmente ao longo do ano de 2012". O antigo governante sublinha que "em 2012 e 2013, houve múltiplas discussões sobre o Banif com a troika. Não é exagerado afirmar que o Banif foi um dos temas críticos no sexto exame ".
O agora responsável do Departamento de Assuntos Orçamentais do FMI é ainda questionado sobre as interações, enquanto ministro, com a Direção Geral de Concorrência. Gaspar contradiz várias das personalidades já ouvidas, na Comissão de Inquérito, incluindo o atual Governo e Jorge Tomé, antigo administrador do Banif, que acusaram a DGComp de ter manifestado, desde o início, uma predisposição para liquidar o banco.
"Não tive essa perceção. Em nenhum momento houve sinalização de predisposição para a liquidação por parte da Comissão Europeia ", escreve Vítor Gaspar, na carta enviada aos deputados.