Caixa vai ser assistente junto da PGR para ter "participação ativa" na investigação
Mário Centeno deu instruções à administração da Caixa Geral de Depósitos para "acompanhar de perto a investigação". PSD e CDS invocam "promiscuidade" entre Governo Sócrates e projetos "catastróficos" da CGD.
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Criticado pelo CDS, autor do debate de atualidade sobre a auditoria à Caixa Geral de Depósitos (CGD), o ministro das Finanças garante que fez "aquilo que nenhum outro governo nos últimos vinte anos fez".
Mário Centeno deu conta das instruções dadas à CGD para se constituir assistente no processo junto da Procuradoria-Geral da República (PGR) "para ter uma participação ativa e acompanhar de perto a investigação em curso".
O ministro recordou que foi do Governo a iniciativa de um auditoria interna à eventual "gestão danosa" e que visa "apurar responsabilidades civis e proteger o património do banco público".
"Fizemos o que nenhum outro governo fez nos últimos 20 anos, oito ministros das finanças e sete governos nunca o fizeram, nem mesmo durante o programa de ajustamento quando o governo de então decidiu injetar no banco público 1.650 milhões de euros", disse Centeno, numa crítica ao PSD e CDS.
Criticado pelo CDS e pelo PSD por "não querer tomar conhecimento da auditoria", Mário Centeno rejeitou "um voyeurismo populista".
" A decisão do Governo foi tomada com seriedade, não foi um exercício de voyeurismo populista", disse o ministro das Finanças, recordando que as informações estavam "sujeitos a sigilo".
"Não contem connosco para violar deveres de segredo nem para embarcar numa campanha que prejudique o banco que é de todos os portugueses e que o coloque em desvantagem face aos concorrentes", afirmou o ministro das Finanças, referindo-se à divulgação de um relatório preliminar que partiu da comentadora e antiga bloquista Joana Amaral Dias.
A abrir o debate o deputado do CDS João Almeida acusou o atual Governo de "ausência" e atirou à gestão de José Sócrates, denunciando "a promiscuidade evidente" entre "a agenda política" desse Governo e alguns dos "projetos mais catastróficos" do banco público.
"Lembramo-nos muito bem das inaugurações e das primeiras pedras. Lembramo-nos muito bem daqueles que estiveram nessas inaugurações e nessas primeiras pedras e sem surpresa encontramo-los agora na lista daqueles que mais prejuízo causaram aos contribuintes portugueses", disse o deputado centrista.
Pelo PSD, António Leitão Amaro acusou "o Governo e a esquerda de tudo fazerem para esconder" o que se passava na CGD.
"O Governo que não enviou os documentos e as esquerdas para que quando o tribunal deu ordem para que os documentos aqui chegassem, a comissão (de inquérito) morresse".
Durante o debate, a deputada do BE Mariana Mortágua considerou que "o passado da Caixa é Sócrates e é Vara mas também é Espírito Santo e é BCP, é PSD e CDS".
"O passado da Caixa é a porta giratória entre negócios e política, como sempre denunciámos", disse Maria Mortágua.
Já Paulo Sá do PCP denunciou que por "erradas orientações políticas de sucessivos governos do PS, PSD e CDS que quiseram alinhar o banco público com as práticas do privado, a Caixa enveredou pelo caminho de favorecimento de interesses privados, em detrimento do interesse público".
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