
Groupon/DR
A empresa de vendas com descontos através da Internet deixou ontem de funcionar em Portugal. À TSF, a Groupon garante que vai fazer o possível para ninguém seja prejudicado.
"Lamentamos informar que a 25 de janeiro de 2016 a Groupon cessou a sua atividade em Portugal e como tal, não nos é possível oferecer-lhe nenhuma proposta hoje". É esta a mensagem que o site da Groupon apresenta desde ontem. A empresa vendia vouchers de descontos nas mais variadas áreas, de restaurantes a hotéis, passando por cabeleireiros ou mecânico.
Num email enviado aos clientes, a empresa justifica a saída dizendo que procedeu a "uma avaliação da presença a nível global, analisando os mercados onde o potencial de mercado e o investimento necessário se completam". A Groupon explica que, "uma vez que não existem condições para uma atividade lucrativa num futuro próximo, foi tomada a difícil decisão de cessar a atividade em Portugal".
A TSF pediu esclarecimentos à empresa sobre o encerramento no país. Na resposta, enviada por email, a responsável de comunicação diz apenas que "depois de uma cuidadosa análise, a Groupon vai descontinuar as operações em Portugal" e garante que a empresa "vai trabalhar de perto com os parceiros e clientes para assegurar que todos os compromissos da Groupon são cumpridos".
O email recebido pelos clientes diz que, caso tenha sido adquirido um voucher, "o mesmo continuará válido até à data acordada", salientando que os parceiros vão continuar a aceitar o documento de compra. A empresa admite ainda o reembolso total do valor dos vouchers.
A Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (DECO) já tinha recebido várias queixas sobre a Groupon. Nos últimos cinco anos foram 263. À TSF, a DECO explica que a maioria está relacionada com divergência entre o que é anunciado e o que o consumidor recebe, falta de entrega do bem, dificuldade em concretizar a garantia junto do vendedor quando há defeito e também o pagamento de taxas aduaneiras sobre bens comprados fora do União Europeia.
Deco já tem pedidos de esclarecimento
Ainda não são muitos, mas a Deco já começou a receber pedidos de informação por causa do encerramento da Groupon em Portugal. São sobretudo clientes que pedem conselhos sobre o que fazer por causa de vouchers já comprados, mas ainda por utilizar.
O conselho da Deco é para que contactem a empresa para solicitarem o reembolso ou que tentem marcar o voucher válido, para que possam usufruir do serviço que adquiriram. Em ambos os casos, se houver algum problema, devem dar conhecimento desses entraves à Deco.
Ana Sofia Ferreira, da Defesa do Consumidor, explica também que a associação já tomou medidas para saber ao certo se a Groupon cumpre todos os compromissos, conforme prometido na carta enviada aos clientes.
"Vamos contactar a empresa para podermos, através de um acompanhamento, verificar todos os consumidores que tenham vouchers e que tentem utilizá-los". E isso até pode acontecer com normalidade, "sem uma lesão dos direitos dos consumidores".
Em 2015, a Deco recebeu 32 queixas relativas à Groupon, um terço do número das apresentadas em 2011, ano em que esse número chegou às 96. Ana Sofia Ferreira considera que os consumidores estão agora muito melhor informados.
Por um lado, não consomem este tipo de produtos "de uma forma tão massiva" como há alguns anos, em pleno "boom" destes serviços; por outro, há quem verifique, antes de comprar, se está tudo conforme as regras: "ligam primeiro para o parceiro no sentido de obter informações" e só depois compram.
Ana Sofia Ferreira lembra casos passados, como o de "A vida é bela", uma das pioneiras no setor, que encerrou em 2012. Casos como este contribuíram, na opinião da Deco, para que os portugueses se informem melhor. Neste caso, houve lesados porque "adquiriram vouchers que ainda estavam válidos, mas dos quais não puderam usufruir".
Mas também há exemplos de sentido contrário. A Deco cita outra empresa do género, a Smartbox, que encerrou também em 2012, em que "os consumidores conseguir usufruir dos serviços adquiridos", terminando o processo "com normalidade".
Antes de abandonar Portugal, a Groupon já tinha saído de alguns países europeus, nomeadamente da Grécia, da Turquia, da Suécia, da Dinamarca, da Noruega, da Finlândia, tendo cessado a sua atividade também em Marrocos, Panamá, Porto Rico, Filipinas, Taiwan, Tailândia e Uruguai.