Contra o que é fake e #fortheWeb. Pai da Internet propõe contrato para a proteger
Do britânico Tim Berners-Lee chega um apelo para que a Internet seja um local de verdade e equidade. Contra o que é fake.
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Um contrato que ajude a tornar a Internet num sítio melhor, #fortheWeb. É esta a proposta do seu criador, o britânico Sir Tim Berners-Lee.
"Temos de criar um contrato para a 'web'. [...] E esse deve ser um contrato com vários princípios para as pessoas se juntarem", explicou.
Falando diretamente aos governos, empresas e utilizadores, o pai da Web pediu responsabilidade a cada uma das partes.
"Se são um governo, devem proteger tudo o que é do interesse público, proteger a Internet e encorajar a inovação e a diversidade", começou por dizer.
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Dirigindo-se de seguida às empresas, Berners-Lee pediu-lhes que "desenhem a Internet para que, quando as pessoas se encontrem online nas vossas plataformas, sejam construtivas e que não conheçam pessoas iguais a si. Tentem que conheçam outras pessoas, com culturas diferentes."
Por fim, os utilizadores. "Portem-se bem online, sejam construtivos, trabalhem e esforcem-se, como as pessoas da Wikipedia. Trabalhem com a verdade como um fim." Verdadeiras palavras de um pai que entrega a sua filha nas mãos de um (ou milhares de milhões) de desconhecidos.
Coube ao pai da Web inaugurar a cimeira que homenageia essa sua filha. Na Altice Arena, perante milhares de pessoas, Tim Berners-Lee reforçou: "Somos todos responsáveis por tornar a web num sítio melhor".
Os problemas e os abusos
Para que esta se torne num sítio melhor, Berners-Lee identifica os principais problemas que a assolam: "Fake news, problemas de privacidade, abusos de dados pessoais. Há pessoas a ser esmiuçadas ao ponto de poderem ser manipuladas por anúncios astutos. Anúncios esses que as podem levar até sites com comunidades falsas, pessoas falsas, que têm ideias falsas e que espalham uma falsa verdade."
Com a busca pela verdade e pela segurança como pano de fundo, o britânico deixou um aviso: "Precisamos de proteger-nos."
É nesse contexto que o criador defende este "contrato", que tem como mote "Pela Web" (ou como hashtag #fortheweb), e que procurar criar valores de equidade e de segurança para todos os utilizadores da internet.
"Precisamos ter a certeza de que as pessoas que estão ligadas à 'web' podem criar o mundo que desejam e usá-lo para corrigir os problemas que existem", defendeu, deixando o desejo de que a Internet seja "mais pacífica e mais construtiva".
Para esta edição, a terceira em Lisboa, a organização já prometeu "a maior e a melhor" de sempre, com novidades no programa e o alargamento do espaço, sendo esperados mais de 70 mil participantes de 170 países.
A cimeira tecnológica, de inovação e de empreendedorismo Web Summit nasceu em 2010 na Irlanda e mudou-se em 2016 para Portugal e desde essa altura terá gerado um impacto económico de mais de 500 milhões euros.
Inicialmente, estava previsto que a cimeira ficasse por apenas três anos, mas em outubro deste ano foi anunciado que o evento continuará a ser realizado em Lisboa por mais 10 anos, ou seja, até 2028, mediante contrapartidas anuais de 11 milhões de euros e a expansão da FIL.
No ano passado, o evento reuniu na capital portuguesa cerca de 60 mil pessoas de 170 países, das quais 1.200 oradores, duas mil 'startups', 1.400 investidores e 2.500 jornalistas.