Menos de metade dos portugueses em idade ativa concluiu o ensino secundário. Apesar da evolução positiva das últimas décadas, Portugal mantém-se entre os países europeus com mais abandono precoce da escola com muitos jovens a não acabarem o secundário.
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A caminho das eleições, nas duas semanas de campanha eleitoral, a TSF selecionou 10 perguntas para o futuro governo. Hoje a questão é conhecer, ao longo do dia, qual a medida prioritária dos partidos para combater o insucesso (e abandono) escolar?
Respostas dos partidos
Depois de números que chegavam aos 50% no início da década de 1990, em 2014, segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), "apenas" 17,4% dos portugueses entre os 18 e os 24 anos deixavam de estudar sem completar o secundário. Número que não tem parado de diminuir, mesmo nos anos de maior crise, mas que continua a ser o quarto mais elevado da União Europeia.
Décadas de atraso não se recuperam a rapidamente e Portugal ainda é o segundo país europeu com a menor percentagem de adultos em idade ativa com o secundário completo: 42,6%, muito longe da média europeia de 75,8%.
No diagnóstico à formação escolar dos portugueses, a TSF visitou uma das três escolas públicas que conseguiram que os estudantes tivessem sempre uma progressão superior à média nacional a Português e Matemática nos últimos quatro anos letivos.
Na Escola Secundária de Póvoa de Lanhoso o diretor fala num sucesso motivado pelo "trabalho de grupo entre professores, alunos e encarregados de educação". José Ramos recorda a estabilidade dos docentes: a maioria estão na escola desde a abertura há quase 25 anos. Os professores conhecem bem os alunos e dão apoio extra àqueles que têm mais dificuldades.
No último ranking das escolas feito pela TSF com base nas notas dos alunos, a Secundária de Póvoa de Lanhoso aparece no lugar 224 em quase 600 escolas de todo o país. Longe do topo, o professor Mário Moura sublinha que essa posição não é relevante pois, na prática, a grande vantagem desta escola é ser uma daquelas onde os alunos mais evoluem desde que entram no 10º ano.
Quando falamos de insucesso escolar, o Conselho Nacional de Educação tem ainda alertado para uma grande desigualdade entre zonas do país. Os Açores, por exemplo, destacam-se com um abandono escolar precoce muito mais elevado que atinge 32,8% dos jovens.
Marta Roque, professora com três décadas de ensino no Continente e nos Açores, diz que nesta região autónoma a escola é vista por muitos como "uma perda de tempo". Uma questão cultural, típica das regiões autónomas e de várias zonas do Interior do Continente, que afasta da escola (e desmotiva) muitos alunos portugueses.