Durante uma ação de campanha à porta da PSA Peugeot Citroen, o candidato recebeu um apoio inesperado. Jorge Abreu apresentou-se como coordenador da comissão de trabalhadores da PSA Peugeot Citroen mas é, também presidente da Junta de Freguesia de Santar (Nelas) eleito pelo PSD.
Corpo do artigo
Edgar Silva distribuía panfletos aos trabalhadores que entravam na empresa quando chegou Jorge Abreu e logo se desfez em elogios ao candidato e críticas ao mandato de Cavaco Silva: "Que tudo corra da melhor forma para que os trabalhadores estejam bem representados no maior cargo da nação porque infelizmente nos últimos anos temos sido muito maltratados pelo atual Presidente da República", disse.
Agradeceu também "todo o esforço dos partidos que o apoiam e todas as intervenções que tem feito ao longo desta campanha".
O autarca, que é também dirigente sindical, lamentou que nenhum outro candidato, para além de Edgar Silva, tenha ainda visitado PSA Peugeot Citroen para conhecer os problemas que afetam os trabalhadores.
"Temos consciência daquilo que tem sido os últimos 10 anos e conhecemos a linha que os candidatos que se apresentam têm defendido. E também sabemos a quem temos batido à porta no momento das aflições. Felizmente há pessoas que nos recebem para resolver problemas e há outras que o fazem para tirar fotografias e aparecer nos órgãos de comunicação social. Desse candidato que falou [Marcelo Rebelo de Sousa] de comunicação social já tem muito tempo e de visibilidade também", disse.
Jorge Abreu não quis revelar em quem vai votar mas não deixou dúvidas sobre quem apoia: "Somos trabalhadores e sabemos quem nos defende", atirou, comovendo o candidato Edgar Silva de quem se despediu com um abraço.
Edgar Silva registou os problemas denunciados, lamentando a precariedade e a desregulamentação de toda a organização laboral que é necessário combater. "Trabalhador não é escravo. Não estamos no tempo das praças de jorna. Não estamos no tempo onde o trabalhador é alguém que é moldado para obedecer, para ser servil. O trabalhador tem direitos, dignidade e tem vida própria", disse.
Ameaça de greve na PSA Peugeot Citroen em Mangualde
O coordenador da comissão de trabalhadores da multinacional PSA Peugeot Citroen, em Mangualde, admite o recurso à paralisação da empresa devido aos elevados ritmos de trabalho.
Em declarações aos jornalistas, Jorge Abreu denuncia que se vive uma situação de exploração na empresa: "No mês de janeiro estamos três sábados a trabalhar, mais uma hora por dia todos os dias, num ritmo de trabalho brutal. E estamos a trabalhar todas estas horas sem receber nem mais um cêntimo. É insustentável. Estamos a por em risco a vida de quem aqui trabalha e é isso que temos vindo alertar a administração", denuncia.
Aquele responsável revela que a comissão de trabalhadores apresentou há seis meses um caderno reivindicativo mas que, durante o processo negocial "a administração tem vindo a apresentar contrapropostas inaceitáveis".
A PSA Peugeot Citroen, em Mangualde, emprega atualmente cerca de 750 trabalhadores mas segundo Jorge Abreu já deu trabalho a 1350 pessoas "que produziam o mesmo que é produzido hoje, ou seja, 115 viaturas por turno".