Numa comunicação ao país, o Presidente da República adiantou que o novo governo a ser formado deve ser "estável e duradouro", lembrou que este é "o tempo do compromisso" e recusa substituir-se aos partidos.
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O Presidente da República anunciou esta terça que encarregou o líder do PSD de desenvolver diligências para avaliar as possibilidades da constituição de uma "solução governativa que assegure a estabilidade política e a governabilidade do país".
"Tendo em conta os resultados das eleições para a Assembleia da República, em que nenhuma força política obteve uma maioria de mandatos no Parlamento, encarreguei o Dr. Pedro Passos Coelho de desenvolver diligências com vista a avaliar as possibilidades de constituir uma solução governativa que assegure a estabilidade política e a governabilidade do país", afirmou o chefe de Estado, numa comunicação ao país.
Lembrando os "complexos desafios" que o país enfrenta, Cavaco Silva apontou algumas condições a cumprir pelo novo Governo, considerando que deverá dar garantias firmes de que respeitará os compromissos internacionais assumidos pelo Estado e as grandes opções estratégicas adotadas pelo país "desde a instauração do regime democrático e sufragadas, nestas eleições, pela esmagadora maioria dos cidadãos".
Cavaco Silva defendeu que é fundamental que o novo governo seja "estável e duradouro" e reiterou que não se substituirá aos partidos no processo de formação do Governo.
"Portugal necessita, neste momento da nossa história, de um governo com solidez e estabilidade. Este é o tempo do compromisso. O país tem à sua frente um novo ciclo político, em que a cultura do diálogo e da negociação deve estar sempre presente", afirmou o chefe de Estado, Aníbal Cavaco Silva.
Na curta comunicação ao país que fez esta noite, Cavaco Silva disse confiar que "as forças partidárias vão colocar em primeiro lugar o superior interesse de Portugal" e insistiu que é fundamental que, depois das escolhas feitas no domingo pelos portugueses nas eleições legislativas - que deram a vitória à coligação PSD/CDS-PP - "seja agora formado um governo estável e duradouro".
As reações dos partidos
Nas reações à comunicação de Cavaco Silva, o porta-voz do PSD, Marco Antonio Costa, confirmou o interesse do PSD em lançar pontes de diálogo com o PS.
No mesmo sentido, João Almeida, em nome do CDS-PP, lembra que é a coligação que tem de formar Governo e diz esperar sentido de responsabilidade do PS para acordos de incidência parlamentar.
Já na oposição, o líder parlamentar do PCP afirmou que o Presidente da República está a "patrocinar a manutenção no Governo das mesmas forças [políticas] que os portugueses disseram nas urnas que não queriam que continuassem".
O deputado comunista João Oliveira, no parlamento, lamentou a opção de Cavaco Silva de "avançar num caminho", previamente à "auscultação de todos os partidos para tomar uma decisão".
Por seu turno, o Bloco de Esquerda acusou Cavaco Silva de estar a dar uma ajuda a Passos Coelho para que possa formar governo. Mariana Mortágua criticou ainda o facto de o Presidente da República ter reunido apenas com o PSD e antes de estarem publicados os resultados oficiais das eleições de domingo.
* Notícia atualizada às 22:00, com as reações dos partidos