Um dia depois de Ramalho Eanes, apoiante de Sampaio da Nóvoa, ter dito existirem "algumas semelhanças" entre o antigo reitor e o atual presidente da República, o candidato a Belém garante que, caso seja eleito, não vai fugir das responsabilidades de defender os "valores da Constituição".
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Sampaio da Nóvoa diz que quer ser o "o presidente da Constituição, o guardião e o promotor dos valores da nossa Constituição", por oposição a um presidente da República que, nos últimos anos, "se ausentou, se omitiu e se escondeu".
Em Aljustrel, num almoço-comício, o antigo reitor da Universidade de Lisboa não perdeu a oportunidade de se distanciar de Cavaco Silva, ao defender que "representar a República é representar todos os portugueses" e que Portugal precisa "de novo" de um presidente "que esteja do lado dos portugueses, que fale com os portugueses e seja capaz de os unir".
Acusando o atual chefe de Estado de se apresentar como quem quer "ser um primeiro-ministro", Sampaio da Nóvoa deixou uma garantia: "Serei um presidente sempre presente em todos os momentos da nossa vida nacional".
Sampaio da Nóvoa disse ainda estar "atento" às restantes campanhas, salientando, ao contrário de outros, não andar "sozinho a passear-me alegremente por todos os lugares", mas sim "para ouvir as pessoas".
"Quero ser candidato exatamente somo serei presidente da República", acrescentou durante o discurso ao qual assistiu o Grupo Coral dos Mineiros de Aljustrel, a quem o candidato presidencial deixou uma nota: "O tesouro da nação são são os mineiros, o tesouro da nação são as pessoas e é para a valorização das pessoas que eu faço esta candidatura".
Contra a resignação
No concelho de Aljustrel, Sampaio da Nóvoa visitou uma exploração agrícola onde considerou que o país está "a assistir uma revolução tranquila".
Em Montes Velhos, local onde a Barragem do Alqueva trouxe benefícios como a maior diversidade de produtos cultivados, o candidato manifestou confiança na mobilização dos portugueses. "O país é capaz se tiver uma ideia de futuro e se não se resignar perante a ideia de que é impossível e que não há nada a fazer", disse.
Sampaio da Nóva ouviu alguns lamentos: "O preço da água é que nos está a dificultar a vida em relação a determinadas culturas", atirava um dos agricultores.
Inaugurada em 2002 e, na altura, considerada o maior reservatório artificial de água em toda a Europa, a Barragem do Alqueva veio trazer a muitos agricultores a água que tanto escasseava, mas nem tudo foram boas notícias: "A água deve andar nos doze a treze cêntimos o metro cúbico e se este ano tivermos de pedir água Alqueva aumenta mais cinco a sete cêntimos", reclamava Paulino Fortes, um outro agricultor.
Depois de ouvir os lamentos e receios, e por entre um campo de oliveiras, Sampaio da Nóvoa garante que os problemas já estão identificados: "Problemas no escoamento dos produtos, na sua comercialização, no que é o custo e, obviamente, tudo o que se relaciona com os custos de produção e em que a água é um fator essencial".
Sublinhando Sampaio da Nóvoa que a Barragem do Alqueva permitiu, e à imagem do que quer fazer na política, uma verdadeira "revolução tranquila" em toda a região que, defende, "parecia condenada a um destino de empobrecimento e incapacidade de renovação" da agricultura.