Edgar Silva refere-se à "outra encarnação" quando fala do tempo em que foi padre e que lutou pelas crianças de rua do Funchal mas foi o trabalho social que lhe deu o à vontade com que aborda as pessoas na rua e o tom evangelista com que galvaniza os comícios.
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Nos discursos, o candidato sai-se melhor de improviso e quanto mais intimista for o espaço melhor. No primeiro grande comício desta campanha, no Palácio de Cristal, no Porto, Edgar Silva leu o discurso. Não teve ritmo nem causou impacto. Na antiga FIL, o PCP deixou o candidato fluir mas Edgar parecia intimidado com a plateia de seis mil apoiantes, um recorde de todas as campanhas, e acabou por se perder e não conseguir concretizar algumas ideias.
Já nos comícios mais pequenos pudemos ver um Edgar mais afirmativo, convicto e com ideias claras, procurando dirigir o discurso às características de cada localidade onde passou, puxando pelas assimetrias regionais, pela desertificação e pela necessidade da regionalização no Algarve e no Alentejo e pela defesa dos direitos do trabalho e dos trabalhadores no norte do país e nas zonas mais industrializadas da margem sul.
Na rua, Edgar Silva está como peixe na água. Pede licença para cumprimentar as pessoas e entregar panfletos mas não tem dificuldade em fazer conversa. Pergunta quase sempre como se chama cada eleitor que encontra, trata-o pelo nome e fixa-o nos olhos antes de explicar o que ali anda a fazer. Gosta de se demorar nas conversas, entra em todas as lojas abertas e ouve a toda a hora: "Temos que seguir, temos que seguir. Estamos atrasados".
De porte atlético, Edgar Silva não se livrou de, em diversas ocasiões, ouvir elogios ao bom ar do candidato.
O PCP não poupou na propaganda e os muitos cartazes espalhados pelo país e autocolantes distribuídos nas ações de campanha, além da cobertura televisiva, ajudaram ao crescimento da notoriedade do candidato.