O antigo primeiro-ministro português António Guterres admite ter desiludido "alguns" socialistas ao não candidatar-se a Belém. Guterres afirmou, em entrevista à RTP, que não pretende apoiar qualquer candidato às eleições presidenciais deste mês "antes de o Partido Socialista se pronunciar".
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"Tenho a obrigação de não criar complicações adicionais ao meu partido", afirmou.
Guterres acrescentou que tem "alguma dívida" em relação ao PS: "desiludi muitos que pensavam que devia ser candidato presidencial".
O antigo secretário-geral do PS defendeu "uma interpretação contida" dos poderes presidenciais, adiantando ser uma função que não se adequa a sua maneira de ser.
"O presidente da República deve ser um árbitro, e eu gosto de jogar à bola", disse, quase no final de uma entrevista dominada pela questão dos refugiados na Europa e pelo cargo de Alto Comissário da ONU para os Refugiados, que exerceu entre 2005 e 2015.
Sobre o futuro, António Guterres frisou não ter "qualquer intenção de se dedicar à vida política portuguesa", que qualificou como um "capítulo encerrado", adiantando pretender agora usufruir de "um período de reflexão" para ver "o que vai fazer a seguir".
"Normalmente, não se deve voltar atrás, há que andar sempre para a frente", frisou.
Sobre uma possível candidatura a secretário-geral das Nações Unidas, a decidir até final deste ano, Guterres considerou ser cedo para pensar nisso: "não depende de mim, depende de muitos fatores".
"Até 31 de dezembro estive completamente empenhado nas funções de Alto Comissário (...) e agora preciso de algum espaço para recomeçar de forma mais sistemática e organizada a minha vida", concluiu.