Maioria absoluta é solução preferida para novo governo. Se for coligação, que seja de esquerda

É na expectativa para os cenários pós-eleições que surge um dos resultados mais expressivos neste estudo. 51,7% dos inquiridos diz preferir um governo de maioria absoluta. E se o governo for formado por vários partidos, que solução prefere? A esta questão, 35,9% dos inquiridos confessa preferir um governo de coligação de partidos da esquerda moderada, enquanto que 34,5% opta por um Bloco Central (PSD/PS) alargado ao CDS.

A avaliação do estado da economia é outra das questões com resposta clara. 57,8% dos inquiridos afirma que o país está pior ou muito pior do que há quatro anos. 21,1% diz que está igual, e 18% acredita que Portugal está melhor do que em 2011.

O PS é o partido do qual os inquiridos se sentem mais próximos, 29,4% contra 27,5% do PSD, sendo que apenas 0,8% revelou alguma proximidade com o CDS. António Costa é o líder em quem mais inquiridos confiam para ser Primeiro-ministro, ainda que por uma margem curta, 35,5% contra 35,2% para Pedro Passos Coelho. A pergunta sobre quem vai ganhar as eleições também acaba quase num empate, com 38,6% a escolher a coligação PSD/CDS, e 38,1% a acreditar numa vitória socialista.

Quanto às prioridades para o próximo governo (uma pergunta que permite mais do que uma resposta), 83,5% dos entrevistados aponta a criação de emprego, 52% a recuperação do poder de compra das famílias, 48,3% a redução dos impostos, e 37,6 a criação de condições para o crescimento da economia. A sustentabilidade da Segurança Social, um dos temas fortes da campanha, só é prioritária para 23,3% dos inquiridos, enquanto que reduzir a despesa pública e pagar a dívida foi escolhido por 14,4%, e o combate à corrupção só é apontado como prioridade por 1,4% dos entrevistados.

Avaliação dos líderes

Nenhum dos líderes partidários tem nota positiva. António Costa é, ainda assim, o que recolhe mais opiniões positivas e sai deste teste com 4,5 de média. Catarina Martins surge uma décima atrás, com 4,4, seguida de Jerónimo de Sousa, com 4,1. Pedro Passos Coelho não passa dos 3,8, e Paulo Portas consegue apenas 3,0 de média, a mesma nota de Marinho e Pinto, o líder do PDR.

Passos vs Costa

São questões muito diversas, e parecem demonstrar que a campanha eleitoral não alterou o essencial das precepções que os eleitores construiram à volta dos dois candidatos a Primeiro-ministro. Basta consultar estudos semelhantes feitos há largos meses para chegar a essa conclusão.

Em suma, António Costa é visto como o líder certo para fazer crescer a economia, criar emprego, diminuir a despesa pública, aplicar políticas sociais correctas, e manter a estabilidade política e social. Passos Coelho é encarado como o mais capaz para aplicar medidas de austeridade correctas, negociar com os credores internacionais, e dialogar com a Europa.

Vale a pena olhar os resultados questão a questão:

Qual deles lhe parece mais capaz de fazer crescer a economia?

António Costa 33% - Passos Coelho 32,8%

Nenhum deles 25,2% - Ambos 2,5% - NS/NR 6,6%

Qual deles lhe parece mais capaz de combater o desemprego?

António Costa 35% - Passos Coelho 29,2%

Nenhum deles 26,9% - Ambos 2,1% - NS/NR 6,7%

Qual deles lhe parece mais capaz de fazer políticas de austeridade correctas?

Passos Coelho 31,1% - António Costa 30,8%

Nenhum deles 27,9% - Ambos 2,2% - NS/NR 8,0%

Qual deles lhe parece mais capaz de diminuir as despesas públicas?

António Costa 31,3% - Passos Coelho 29,9%

Nenhum deles 29,7% - Ambos 1,8% - NS/NR 7,3%

Qual deles lhe parece mais capaz de negociar com os credores internacionais?

Passos Coelho 32,1% - António Costa 31%

Nenhum deles 25,2% - Ambos 3,7% - NS/NR 8,1%

Qual deles lhe parece mais capaz de estabelecer as políticas sociais correctas?

António Costa 33,7% - Passos Coelho 28,2%

Nenhum deles 27% - Ambos 2,9% - NS/NR 8,2%

Qual deles lhe parece mais capaz de dialogar com a Europa?

Passos Coelho 33,8% - António Costa 29,7%

Nenhum deles 24,3% - Ambos 5% - NS/NR 7,2%

Qual deles lhe parece mais capaz de manter a estabilidade política e social?

António Costa 32,7% - Passos Coelho 31,2%

Nenhum deles 25,5% - Ambos 2,9% - NS/NR 7,8%

Ficha técnica

O trabalho de campo deste estudo da Intercampus para TVI/Público/TSF foi realizado entre 23 e 30 de Setembro, com o objectivo de conhecer a opinião dos portugueses sobre diversos temas da política nacional incluíndo a intenção de voto nas próximas eleições legislativas. O universo é a população portuguesa com mais de 18 anos, recenseada para votar nas próximas eleições, e residente em Portugal continental. A amostra é constituída por 1013 entrevistas, distribuídas proporcionalmente por sexo, idade, região e habitat. Foram realizadas 371 entrevistas na região Norte, 241 no Centro, 279 em Lisboa, 77 no Alentejo, e 45 no Algarve. A informação foi recolhida através de entrevista direta e pessoal, com base em questionário estruturado e elaborado pela INTERCAMPUS, utilizando a técnica de simulação de voto em urna. A taxa de resposta foi de 60,2%, e para um intervalo de confiança de 95%, a margem de erro é de +/- 3,1%.