Sampaio da Nóvoa insiste que Marcelo Rebelo de Sousa continua a querer negar o apoio do PSD. Em Santa Maria da Feira, o ex-reitor, que contou com o apoio de Carvalho da Silva, diz que votar Marcelo é continuar a linha de Cavaco.
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"Tudo o que disse, acabou agora por desdizer na campanha e, na ânsia de se afastar dos partidos pelos quais, ainda há três meses, fazia campanha e andava a pedir o voto, Marcelo já negou nesta campanha mais vezes Pedro do que Pedro negou Cristo", afirmou Sampaio da Nóvoa, referindo um episódio bíblico, num jantar-comício, perante cerca de 400 pessoas.
No discurso, em que o antigo reitor se absteve de fazer qualquer referência à candidatura de Maria de Belém, o alvo voltou a ser Marcelo Rebelo de Sousa, que acusou de continuar a negar os apoios dos partidos que apoiaram o executivo liderado por Pedro Passos Coelho, lembrando, para isso, um outro episódio, em 1996, em que o agora candidato era, então, líder do PSD, que votava contra a criação do Rendimento Social de Inserção (RSI).
"O que diz hoje Marcelo Rebelo de Sousa sobre essa matéria? Que era presidente do partido, que foi vencido pela direção. Não sei se assim foi ou não, pois não se conhece registos dessa titânica batalha. Um presidente, seja ele do partido ou da República, não culpa os seus soldados rasos", contou Sampaio da Nóvoa, para depois defender: "O exemplo vem de cima, as responsabilidades têm de ser assumidas por quem preside, seja num partido ou na presidência da República".
Depois de usar o episódio para marcar as diferenças para com Marcelo Rebelo de Sousa, o ex-reitor assinalou ainda que, no seu entender, a candidatura do ex-líder do PSD é a candidatura que procura seguir a linha dos mandatos de Cavaco Silva.
"Vamos escolher entre dois campos: o da continuidade política com o atual Presidente da República, e esse voto é em Marcelo Rebelo de Sousa, ou o voto na continuidade com o legado de Ramalho Eanes, Mário Soares e de Jorge Sampaio", sublinhou.
Um apelo ao voto, num discurso em que Sampaio da Nóvoa, acompanhado do antigo secretário-geral da CGTP, Carvalho da Silva, garantiu que, caso seja eleito, será vigilante na defesa da dignidade laboral, dos serviços públicos, da escola pública e do serviço nacional de saúde, estando ainda atento aos negócios que pretendam alienar setores estratégicos do país.
Deixando elogios à forma como Sampaio da Nóvoa tem conduzido a campanha, o ex-secretário geral da CGTP, referindo-se à campanha eleitoral de Marcelo Rebelo de Sousa e ao mandato do atual presidente da República, Cavaco Silva, falou numa "conjugação de fatores muito negativos que tentam iludir o povo português".
Antes, durante a tarde, o ex-reitor passou ainda por Guimarães, de visita à fábrica de calçado da empresa Fly London, do grupo Kiaya - com mais de três décadas de existência e a mais conhecida marca de calçado nacional fora de portas.
Durante a visita, Sampaio da Nóvoa aproveitou para salientar a importância do setor do calçado no futuro do país e na recuperação da economia.