Marcelo: o "pirilampo" solitário que ilumina e protagoniza uma campanha atípica
Batizou a campanha como sendo "do coração" por ser candidato a um cargo onde quer exercer uma "magistratura de afeto".
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Numa campanha sem hino, sem bandeiras, caravanas ou cores partidárias, Marcelo Rebelo de Sousa apregoou desde cedo um período pré-eleitoral "modesto e humilde", cujo registo conseguiu manter até ao último dia. Com "marmitas", compras nos mercados, conversas longas, gestos de avôzinho e "encontros conviviais", como apelidou às sessões públicas que promoveu, em jeito de conversas íntimas.
Apoiado à distância e de forma muito discreta por alguns (poucos) dirigentes do PSD e do CDS, o professor de Direito fez uma campanha popular, negando sempre o recurso ao populismo. No conteúdo político, o candidato que se definiu como sendo "da esquerda da direita", fez a apologia de um Portugal unido, com recurso a pontes e consensos, descolou-se sem meias medidas da luta dos partidos que o recomendaram, dando carta-branca em vários temas ao executivo de António Costa.
Dia após dia, Marcelo fez orelhas moucas às polémicas levantadas pelos adversários, que acusou de estarem "a ver outro filme". No que justificou como uma paciência evangélica, o candidato deu "uma face e a outra" e "contou até cem", para não ripostar de forma direta, embalado pelas sondagens e pelo brilho próprio que lhe atribuíram no cinzentismo desta campanha presidencial.
A estratégia era arriscada, mas Marcelo Rebelo de Sousa acredita numa vitória à primeira volta. Resta saber se os mimos e o estilo do professor "beijocador" aqueceram as almas que no próximo domingo vão às urnas.