A entrada em cena de João Semedo mudou-lhe a campanha. Começou "morna", acabou em "grande".
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Marisa Matias chega em dezembro à corrida presidencial mas isso não a impediu de terminar a campanha em crescendo e de poder vir a ser uma, ou mesmo "a" surpresa destas eleições.
Os quinze dias de campanha da candidata apoiada pelo Bloco de Esquerda ficaram marcados pela introdução diária de temas diferentes. Desde a saúde ao emprego, passando pela ciência, segurança social, direitos dos trabalhadores, mas principalmente a escola e os transportes públicos, foram todos discutidos sob a alçada da Constituição. "Está tudo lá", diz Marisa Matias. "É só preciso cumpri-la!"
Coimbra, a terra natal de Marisa Matias, terá sido o ponto de viragem duma campanha que chegara ali, depois de uma semana bastante morna. É lá que Marisa Matias sai à rua pela primeira vez e é lá também que aparece João Semedo, coordenador do Bloco, que estava, há cerca de um ano, afastado do público, devido a uma operação às cordas vocais. Foi um momento muito emotivo e poderá ter sido o "momento" da campanha.
Uma emoção que é reforçada, no dia seguinte em Lisboa, com o São Jorge cheio e com a presença de Pablo Iglésias, líder do partido espanhol Podemos. Foi lá que a candidata recebeu também o apoio público da socialista Helena Roseta.
A segunda semana põe Marisa na rua em contacto com o povo e isso galvanizou a comitiva bloquista que foi percebendo o retorno positivo dos debates televisivos e a posição firme de Marisa Matias em relação à subvenção vitalícia dos deputados.
Seguramente não será desta mas, Marisa Matias marca, à esquerda, uma solução de futuro.
A "candidata transparente" como lhe chamam, viu em Lisboa, uma criança segredar-lhe: "vou dizer à minha mãe para votar em ti".