O candidato presidencial considera que os bens da família Espírito Santo e dos antigos donos do BPN deviam ser confiscados e integrar o Orçamento de Estado para 2016, que o governo prometeu apresentar nos próximos dias. No mesmo debate, Edgar Silva centrou-se no combate à pobreza.
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O candidato presidencial Paulo Morais defendeu hoje que o Orçamento do Estado "é o instrumento da corrupção da classe política", num frente-a-frente televisivo em que o adversário Edgar Silva chamou a debate um outro problema, a pobreza.
Justificando na RTP1 a sua obsessão com o tema da corrupção, Paulo Morais disse que a corrupção levou Portugal à crise, apontando os casos na banca e as parcerias público-privadas.
Paulo Morais afirmou ainda que os bens confiscados tanto à família Espírito Santo e como aos antigos donos do BPN, deviam entrar para as contas do Estado. Para o candidato presidencial, o Estado português tem de "inserir essas verbas no Orçamento de Estado 2016". Paulo Morais aponta dois casos: "quanto dinheiro é que se vai recuperar dos antigos donos do BPN? Quanto dinheiro é que se vai recuperar da família Espírito Santo? Isso tem que ser incorporado como receita no Orçamento de Estado".
O ex-vice-presidente da Câmara Municipal do Porto sustentou que "os portugueses são fustigados pelos impostos" para "alimentar um Orçamento do Estado", que, na sua opinião, "é uma manjedoura para a classe política".
Paulo Morais, professor universitário, advogou que o Orçamento do Estado é o "instrumento da corrupção da classe política", recordando que têm sido aprovadas, nos sucessivos orçamentos, o que considera como inconstitucionalidades, como as isenções de pagamento do Imposto Municipal de Imóveis para promotores imobiliários e partidos políticos.
"O orçamento favorece a apropriação dos bens do Estado em favorecimento de determinados grupos", advogou, assinalando que o Presidente da República "não pode permitir que estes atos se mantenham".
Apesar de considerar a corrupção "uma questão decisiva para a credibilização da democracia", Edgar Silva entende que "há outros problemas que têm uma relevância importante", como "a desigualdade e a pobreza profunda".
O candidato apoiado pelo PCP defende como "prioridade fundamental" uma "mais justa redistribuição da riqueza".
Questionado pelo moderador do debate sobre a falta de compromissos à esquerda no combate à corrupção, o ex-padre católico e ex-deputado regional madeirense remeteu para "um conjunto de diplomas" do PCP contra a corrupção e o enriquecimento ilícito que "têm sido sistematicamente chumbados" no parlamento por PSD, CDS-PP e, também, por PS.
"Não é por falta de iniciativas e propostas", apontou.