No campeonato dos partidos sem representação parlamentar (AGIR, JUNTOS PELO POVO, LIVRE/TEMPO DE AVANÇAR, MPT, NÓS CIDADÃOS, PAN, PCTP/MRPP, PDR, PNR, PPM, PPV/CDC, PURP) desafia-se o ditado "quem corre por gosto não se cansa".
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Hipotecar a casa para fazer campanha. Tirar licença sem vencimento para fazer campanha. Pagar, do próprio bolso, deslocações, jantares, material, para fazer campanha. No campeonato dos partidos sem representação parlamentar desafia-se o ditado "quem corre por gosto não se cansa".
Chamaram famílias, amigos, correlegionários. Andaram por feiras, como os grandes, mas sem canetas, nem bonés para oferecer. Contaram os folhetos, apanharam-nos do chão, quando eram desprezados. Juntaram-se para parecerem muitos na fotografia. Sem máquinas partidárias para encenar "banhos de multidão", as "arruadas" ficaram-se pelo nome, em ruas despidas de gente.
Arrisco dizer que a verdadeira imagem do chamado "país real" surgiu ali: nas ações de campanha sem meios para encenar apoios, ou preencher com bandeiras e faixas o enorme vazio que separa os eleitores da "coisa política" - essa imensa massa de gente despejada por comboios, autocarros e barcos que, muitas vezes, nem sequer aceita receber um folheto, uma palavra.
Perante esta apatia, o que é que os faz correr?
Para alguns partidos, já veteranos, cada eleição é uma prova de vida. Outros, já com presença mediática garantida, tentam promover novos projetos. Os mais experimentados já conhecem os circuitos que percorrem de cor , sabem condensar o pensamento num "soundbyte" e olhar para a câmara certa.
Entre os fenómenos mais recentes há os que tentam "mudar mentalidades" e os que anseiam "olhar o poder de frente". A cada eleição nascem e dissolvem-se "movimentos de cidadãos", expressão de uma sociedade civil sem peso, nem espaço. Parece que só através dos partidos é possível concretizar um anseio cívico. Joga-se na lógica do "se não os podes vencer, junta-te a eles". Em comum têm apenas a crítica ao atual governo e apelo a que não exista uma maioria absoluta.
A confirmarem-se as sondagens, para muitos (senão para todos), poderá ser o esse o prémio de consolação na noite de 4 de outubro.