Sampaio da Nóvoa: "Não podemos estar confortáveis com esta intolerável abstenção"
A poucas horas de contar com a presença de Ramalho Eanes na campanha, o antigo reitor aponta a "falta de confiança" nas instituições democráticas como uma das principais causas da "crise de participação".
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"Não podemos estar confortáveis com esta intolerável abstenção e esta falta de confiança que se revela na abstenção", disse o candidato presidencial, em Coimbra, num jantar em que reuniu cerca de 500 apoiantes.
Sampaio da Nóvoa considera que existe uma "aparente normalidade e até resignação" por parte de vários setores da sociedade em relação ao fenómeno da abstenção, defendendo que a existência de uma crise de participação democrática não pode ser dissociada da crise económica.
Na origem do défice de participação, sublinha, está a "falta de confiança" dos cidadãos nas instituições, o que leva o antigo reitor da Universidade de Lisboa a apelar a um "impulso cidadão", liderado pelo próprio, e a salientar que, apesar de "absolutamente necessários", os partidos "já não são suficientes".
"Tenho um percurso próprio, feito como alguém que foi um servidor público toda a vida, fora dos partidos e da política profissional, mas sempre presente nos combates cívicos", sublinha, reforçando a ideia de que há um cansaço com uma "política velha" e que, por isso, as presidenciais são uma "lufada de ar fresco".
"A política não pode funcionar como um clube privado que reage agressivamente quando aparece alguém vindo de fora do circuito fechado de sempre", acrescenta, na véspera de receber, em plena campanha, o apoio de Ramalho Eanes - também ele alguém com pouca experiência política no momento em que iniciou o primeiro de dois mandatos como presidente da República.
Durante o jantar, discursaram ainda a mandatária para a cidadania sénior, Maria do Rosário Gama, e António Arnaut, mandatário nacional para a causa dos serviços públicos, que descreveu Sampaio da Nóvoa como um "homem de princípios e de sólidas convicções democráticas" e o "único" que está em "condições de alcançar a segunda volta e bater o candidato da direita".