Sampaio da Nóvoa: "Dez anos é muito tempo, vinte anos seria tempo a mais"
Em Matosinhos, o candidato a Belém disse que, depois de o governo e o parlamento terem mudado nos últimos meses, é preciso que tal aconteça também na presidência, evitando "uma linha política que a conduziu aos seus piores momentos". Augusto Santos Silva diz que campanha não é para ver "quem entra mais à vontade nos cafés".
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"Se temos mudança e alternativa no parlamento e no Governo, por que razão entregaríamos durante vinte anos a presidência a uma linha política que a conduziu nos seus piores momentos. Dez anos é muito tempo, vinte anos é tempo a mais", disse Sampaio da Nóvoa.
Em Matosinhos, no Centro de Desportos e Congressos - e naquele que foi o maior jantar-comício desde o arranque oficial da campanha, com mais de 1300 pessoas, o antigo reitor lançou críticas a Cavaco Silva, pedindo aos portugueses que "comparem o prestígio que tinha a presidência [nos mandatos de Ramalho Eanes, Mário Soares e Jorge Sampaio] com o que tem agora", defendendo haver "verdadeiramente um antes e um depois."
Nesse sentido, o antigo reitor acrescenta: "Como os últimos meses também demonstraram, o presidente da República não pode ser agente perturbador da vontade dos cidadãos, quando esta contraria os seus desejos pessoais ou da sua família política".
Durante o discurso, e sem nunca referir o nome de Marcelo Rebelo de Sousa, Sampaio da Nóvoa afirmou que os portugueses devem, por isso, evitar a "continuidade da linha que desprestigiou o cargo.
Reforçando ainda a ideia de que o país precisa de um presidente que "seja próximo das pessoas", e definindo-se como um "cidadão presidente", Nóvoa rejeita que ao ter trabalhado "como professor e servidor público" não pode ser um "político como os outros".
"Não é diminuir a política, mas tentar contribuir, modestamente, para a sua renovação e engrandecimento", salienta.
"Prefiro o civismo ao cinismo e, por isso, voto Sampaio da Nóvoa"
Antes, Augusto Santos Silva, ministro dos Negócios Estrangeiros - o segundo governante a entrar na campanha, depois de Capoulas Santos, ministro da Agricultura -, já tinha deixado críticas aos adversários de Sampaio da Nóvoa e à forma como têm conduzido a campanha eleitoral.
"Ao contrário do que às vezes se diz ou se vê, uma campanha para Presidente da República não é uma campanha para saber quem entra mais à vontade nos cafés ou pastelarias", disse o ministro, que defendeu que uma campanha serve para "avaliar o mérito dos que se candidatam, percebendo o que pensam do mundo, do país e do tempo em que vivemos".
Augusto Santos Silva deixou ainda um outro recado: "Há quem procure diminuir esta candidatura, dizendo que é apenas uma candidatura de cidadania. Eu prefiro o civismo ao cinismo e, por isso, voto Sampaio da Nóvoa".
No Centro de Congressos de Matosinhos marcou ainda presença Guilherme Pinto, presidente da Câmara de Matosinhos, que, nas últimas autárquicas, e após ter estado no PS, foi eleito como independente.
"A esquerda estará sempre a perder com Marcelo como presidente", disse o autarca.
Depois dos ministros Augusto Santos Silva e Capoulas Santos, o candidato presidencial conta este sábado com o apoio do ministro da Segurança Social, Vieira da Silva, que se junta à campanha em Viana do Castelo, sendo o terceiro governante a discursar desde o arranque oficial da campanha.
No domingo, em Lisboa, no almoço-comício marcado para o Pavilhão do Casal Vistoso, está prevista a participação do antigo presidente da República, Jorge Sampaio.