"Se os doentes não percebem o risco, não compreendem a necessidade do tratamento" - Vitória Cunha, Hospital Garcia de Orta, Almada.
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Controlar as doenças cardiovasculares, mantendo baixos os riscos de enfarte ou AVC, é uma das grandes preocupações quando se trata do coração. Incutir no doente a responsabilidade de tomar regularmente e de forma correta a medicação é o melhor caminho para minimizar riscos.
"É um desafio diário", começa por explicar a especialista em Medicina Interna. Esclarecer toda a envolvência e consequências da doença serve para convencer os doentes sobre a necessidade de aceitarem o tratamento. Vitória Cunha, também secretária geral da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, conta que nem sempre é fácil porque se trata de doenças silenciosas, ou seja, apenas se manifestam quando surgem as complicações mais graves que estas patologias provocam. "Antes disso, como vamos convencer uma pessoa que nada sente?". É esse o desafio dos profissionais de saúde que se munem de diversas estratégias para levar o doente a aceitar o tratamento que vai controlar o risco cardiovascular. "Não é como um medicamento para as dores que se toma quando se está a sofrer e que tem um efeito de algumas horas. As doenças crónicas, com impacto importante na saúde cardiovascular, precisam de controlo a longo prazo e de um seguimento regular. Não basta apenas baixar a tensão arterial no momento. Sem adesão do doente à terapêutica não há controlo". O principal argumento dos clínicos junto dos doentes é informar e justificar a gravidade de não existir pressão arterial controlada. A medicação em muitos casos é o único meio para prevenir e impedir acidentes vasculares cerebrais ou enfartes.
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A comunicação entre médico e doente é considerada uma etapa decisiva para estabelecer uma relação de proximidade e confiança. Se o paciente perceber o tratamento tem mais facilidade em aceita-lo. "Uma das partes mais difíceis desta fase é saber se o doente é ou não aderente à terapêutica, porque na maior parte das vezes não nos vai confidenciar isso. Portanto, é preciso abordá-lo e tentar perceber se realmente toma ou não a medicação de uma forma regular".
Segundo Vitória Cunha, está provado que tomar vários medicamentos em simultâneo dificulta a adesão ao tratamento. Para contornar o problema foram desenvolvidas terapêuticas combinadas ou, como também lhe chamam os profissionais, associações fixas. São medicamentos que conjugam várias moléculas com diversos fins terapêuticos num único comprimido. "O médico tem sempre de ajudar o doente, não só quando se trata da quantidade de medicamentos, mas também dos momentos em que são tomados".
Outra estratégia para simplificar e facilitar a aceitação do tratamento são os novos medicamentos de ação prolongada. "Estes fármacos já provaram serem eficazes e reduzem a necessidade de várias tomas diárias concentrando o tratamento numa única toma por dia. Em vez de tomar o medicamento três vezes, o doente tem de tomar apenas uma vez", esclarece Vitória Cunha.
"Pela Sua Saúde Cardiovascular" é uma iniciativa TSF com o apoio da Servier Portugal.