Pedro Marques é o entrevistado da Hora da Europa desta quarta-feira.
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A TSF continua a entrevistar os cabeças de lista dos cinco maiores partidos portugueses. Hoje o único que não é eurodeputado, é candidato ao parlamento europeu pela primeira vez... já foi vereador, deputado e Ministro do Planeamento e Infraestruturas. Pedro Marques, economista, 42 anos, candidato do Partido Socialista. Uma entrevista de Ricardo Alexandre.
O cabeça de lista do PS afirma que é preciso separar as águas quando se fala de projetos políticos sobre a Europa: "as pessoas devem saber que no Partido Socialista têm o projeto mais ambicioso para o futuro da Europa. Nós ambicionamos a reforma da zona euro, nós ambicionamos a implementação do pilar europeu dos direitos sociais, nós ambicionamos uma Europa que avança e não uma Europa em que fica tudo na mesma". De seguida, as farpas disparadas contra a oposição que já foi governo: "a direita representada em Portugal por PSD e CDS, o projeto de Manfred Weber, fala zero sobre a reforma da zona euro e sobre direitos sociais. E do meu ponto de vista, para a Europa voltar a ser a Europa dos cidadãos, nós precisamos dessa maior ambição senão a Europa fica nesta situação em que tem estado com a direita que PSD e CDS representam: continuará a ser pasto para as extremas-direitas e os nacionalistas".
Sobre o tema que tem marcado a agenda política na última semana, Pedro Marques entende que "o PSD escolheu o caminho da irresponsabilidade orçamental juntamente com o CDS", com posições em que nunca tinham estado na matéria à volta do diploma do tempo de serviço dos professores: "em pergunto a quem é que andam a querer enganar, isto não tem sentido nenhum, acho que foi uma grande irresponsabilidade da direita que não costuma colocar-se nestes patamares, em particular Rui Rio; primeiro parecia que tinha dado o sinal de aprovação sem ter lido as coisas, depois parece que vinha responsabilizar terceiros pelas votações do PSD, aquilo que foi aprovado na comissão parlamentar de educação foi votado pelo PSD, CDS, PCP e Bloco; se se enganaram, se acham que cometeram um erro grave como nós achamos que cometeram, corrijam esse erro grave. Ficará melhor o país. O primeiro-ministro com a posição dura que tomou terá evitado uma grave crise orçamental".
Mas o cabeça-de-lista recusa admitir que, fruto da tensão gerada entre os partidos, tenha caído por terra a possibilidade de um novo acordo à esquerda para depois das legislativas de outubro.
Recusa que esteja garantido que Portugal vá perder 7% os fundos de coesão no próximo quadro comunitário de apoio, alegando que o que existe "é uma primeira proposta da Comissão, de um comissário de direita". Nada está fechado, sendo que a proposta até prevê um aumento de "1,7 mil milhões" a preços correntes. E acusa o PSD de rasgar o acordo que fez com o governo (assinado por Castro Almeida, um dos vices de Rui Rio), "atentando contra o interesse nacional" e podendo "prejudicar Portugal nas negociações".
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Rejeita uma saída da União Económica e Monetária, dizendo que aquilo que defende o PCP "está nos antípodas daquilo que pensa o Partido Socialista", mas admite a importância de um "novo contrato social" que traga condições mais dignas aos europeus. Atrapalha-se um pouco com a pergunta que pretende saber se vai estar cinco anos no Parlamento Europeu e não esclarece se foi convidado para se candidatar para depois ser convidado para Comissário Europeu: "fui convidado para ser cabeça de lista do PS, não apouco estas eleições". E remata: "só o facto de ser cabeça-de-lista sucedendo a Mário Soares, António Vitorino, Maria de Lurdes Pintassilgo, Sousa Franco, podia aqui continuar. Isto é uma honra e uma responsabilidade enorme liderar esta luta do maior e do mais europeísta dos partidos portugueses e já é uma luta suficientemente importante para estar a apoucar estas eleições com esse tipo de especulação". Diz que está nestas eleições para ganhar.
Sobre o atual momento de crescimento dos populismos de extrema-direita, afirma que é inaceitável "a normalização da extrema-direita por parte dos partidos que integram o Partido Popular Europeu, como o PSD e o CDS; essa normalização é perigosa, porque a história ensina-nos que em nenhuma circunstância devemos transigir com a extrema-direita".
O economista que cresceu no Afonsoeiro (Montijo) e continua a viver no distrito de Setúbal, não admite que o novo aeroporto vá dar cabo da tranquilidade da zona, preferindo dizer que é um projeto crucial e urgente e "o projeto de desenvolvimento mais impactante da Península de Setúbal desde a criação da Autoeuropa". A propósito das críticas ao grau de execução dos fundos comunitários no programa Ferrovia 20/20 admite que gostaria que as coisas tivessem andado mais rápidas, mas "só não erra quem não faz nada, agora o meu trabalho está aqui para ser avaliado pelos portugueses. E tenho tido muita dificuldade de avaliar resultados concretos e realizações concretas dos meus adversários de direita em benefício de Portugal".