As forças populistas, principalmente de direita, crescem de forma consistente na Europa há vinte anos. O populismo recebe o voto de um em cada quatro europeus. O jornal The Guardian divulgou o estudo que envolveu mais de trinta cientistas políticos.
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Um em cada quatro europeus vota em partidos populistas. A votação nos partidos extremistas, principalmente de direita mas também à esquerda, triplicou nas duas últimas década.
O populismo, de acordo com o estudo da Universidade de Amesterdão publicado em exclusivo no diário britânico The Guardian, mostra que em 31 países europeus estudados há três países imunes - para já - à penetração das forças populistas: Letónia, Estónia e Portugal.
As forças populistas já conseguiram colocar gente no governo em onze países europeus. O populismo cresce de forma consistente há vinte anos. Mas se em 1998 captava apenas 7% dos votos dos eleitores, agora chega aos 25%.
O The Guardian analisou o estudo juntamente com mais de trinta cientistas políticos, que passaram a pente cinco centenas de partidos políticos para avaliar se foram ou não populistas em diferentes momentos nos últimos vinte ano.
A conclusão é que o populismo deixou de ser um fenómeno marginal, de franjas do eleitorado. Acontecimentos como a vitória do Brexit no referendo no Reino Unido, em 2015, e a vitória de Trump, em 2016, não podem ser dissociados de um crescimento geral do populismo.
Os apoiantes dos populistas dizem que é a vitória das pessoas normais, comuns, contra os interesses instalados; para os críticos, trata-se de uma tentativa de subverter as normas democráticas, através do condicionamento dos media, diminuição da independência do setor judiciário e dos direitos das minorias.
A seis meses das eleições para o parlamento europeu, o estudo destaca a diferença entre o sucesso do populismo de direita (casos da Hungria e Itália) e o da esquerda, que apesar do crescimento na ressaca da crise financeira global, só conseguiu atingir posições de governo na Grécia.
Os populistas estão igualmente no poder na Polónia, na Áustria, mas implodiram após ter estado no governo na Finlândia e no Reino Unido o Ukip praticamente desapareceu das intenções de voto após a campanha para o Brexit.
O estudo relembra também que a Europa não está sozinha. O populismo cresce a olhos vistos em cinco das sete maiores democracias do mundo: Índia, Estados Unidos, Brasil, México e Filipinas.
Em 1998, havia doze milhões e meio de europeus governados por partidos populistas. Agora há 170 milhões.