Eleitores no estrangeiro: oito milhões de euros em cartas e 14 toneladas de papel
Nunca existiram tantos portugueses a votar no estrangeiro. Mais de 1,4 milhões podem ir às urnas a partir deste sábado.
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É uma das incógnitas das eleições europeias deste domingo: a abstenção, que sempre foi (mais) alta neste tipo de eleições, pode disparar ainda mais com o recenseamento automático de portugueses no estrangeiro que fez disparar o número de eleitores lá fora de apenas 300 mil em 2014 para mais de 1,4 milhões em 2019.
Nas últimas europeias a abstenção de portugueses no estrangeiro chegou aos 98%, valor que a repetir-se agora fará disparar ainda mais a abstenção global que em 2014 já tinha chegado aos 66%.
O secretário de Estado das Comunidades Portuguesas admite que é um desafio levar mais portugueses no estrangeiro a votar, mas sublinha que o maior desafio foi garantir o recenseamento automático.
José Luís Carneiro não tem expectativa de um aumento enorme da percentagem de votantes, mas espera que a facilidade de acesso ao recenseamento pelo menos aumente o número absoluto de votos fora de Portugal.
O Secretário de Estado fala num enorme esforço de informação e de esclarecimento que o levou a perto de 15 países. Em paralelo foi preciso abrir mais 20% de secções de voto no estrangeiro (há 156 em 70 países), tendo sido expedidos 1,8 milhões de boletins de voto para os serviços consulares em 118 malas diplomáticas especiais.
O detalhe vai ao ponto de contar o envio de 256 volumes de boletins num peso total superior a 14,2 toneladas.
As embaixadas e os consulados irão funcionar durante dois dias, este sábado e domingo, para que os cidadãos possam exercer o seu direito de voto mais facilmente, nomeadamente em países onde as pessoas têm de fazer deslocações longas.
Para mobilizar os cidadãos a votar, além de uma campanha publicitária a administração eleitoral notificou todos os cidadãos com recenseamento no estrangeiro, informando-os de que passavam a estar registados no recenseamento eleitoral português. Só em correio, se juntarmos o valores do porte pago nas eleições legislativas, os custos andam entre os sete e oito milhões de euros.
Nota ainda para os custos com horas extraordinárias que têm de ser pagas aos funcionários das embaixadas e dos consulados, numa conta global que só será pode ser feita mais tarde.
O Secretário de Estado admite que tantos portugueses a votarem no estrangeiro tem custos, mas é "um investimento do país numa igualdade de oportunidades e numa cidadania mais enriquecida pois desde o 25 de Abril que havia uma desigualdade profunda entre os portugueses no estrangeiro e em Portugal".