Na reta final da campanha para as europeias a TSF foi ouvir um candidato que dá literalmente música aos eleitores.
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É eurodeputado desde que a Eslovénia aderiu à União europeia, há 15 anos. Anda em campanha pelo país e, tal como fez na sessão parlamentar que encerrou a legislatura, Lojze Peterle dá uns toques na harmónica que o acompanha há décadas, para virar para ele a atenção dos eleitores.
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A TSF entrevistou-o a partir de Bruxelas, entre duas ações de uma campanha que, como cá, também é marcada por temas domésticos. Lamenta que isso aconteça, mas afirma que as pessoas estão a par da Europa.
"As pessoas percebem que a situação na União Europeia é muito grave. Precisamos de políticos responsáveis e experientes. As pessoas estão cientes que a União Europeia é a nossa oportunidade", disse.
O político que há 29 anos chefiou o primeiro governo do país, confessa que viu na União Europeia como a ponte para o desenvolvimento. Mas este antigo primeiro-ministro nota que, nos últimos anos, a União precisa de algo mais recuperar o ânimo que teve na origem.
Eu uso a harmónica, muitas vezes, para dar força às minhas mensagens políticas.
"A Europa precisa também de alma, e não apenas de economia. E a Ode à Alegria também é um bom elemento para demonstrar isso. E isso foi bem recebido em toda a parte na Europa", afirmou à TSF, referindo-se à performance que surpreendeu os eurodeputados, na última sessão plenária de Estrasburgo, com harmónica que o acompanha "desde 1955".
"Eu uso a harmónica, muitas vezes, na política, para dar força às minhas mensagens políticas. Podemos melhorar o contacto. Podemos ter bons tratados, mas precisamos de uma boa atmosfera na Europa. Precisamos de mais música. Havia essa atmosfera quando a União Europeia foi criada", apontou o eurodeputado.
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Na Eslovénia Lojze Peterle está em campanha para as europeias. O eurodeputado conservador admite que as estas eleições podem baralhar a relação entre as forças políticas no Parlamento Europeu, mas não vê isso como um problema.
"Não estou assim tão preocupado com os eurocéticos ou populistas. Tenho a certeza que as forças pró-europeias vão prevalecer. Mas temos de encontrar denominadores comuns e teremos de fomentar uma União Europeia que funcione", afirmou o político que defende como prioridade do futuro executivo comunitário, uma que lhe é próxima.
"Nós não devíamos subestimar a questão da saúde. Sou um antigo doente de cancro. E venci o cancro. Sobrevivi. Penso que precisamos definitivamente de mais atenção política para esta grande questão. Não podemos ter mais Europa, com menos saúde", defendeu o deputado, a caminho das últimas ações de campanha, que iria animar com a harmónica
"Aqui na Eslovénia, na campanha toco muitas vezes por dia, porque os eleitores gostam de ouvir música. Por isso, toco muitas vezes a Ode da Alegria [de Beethoven], por estes dias", disse.
Na Eslovénia, como em Portugal
Por lá, os fundos da política de coesão também foram tema de campanha, pois a Eslovénia, - como Portugal -, também é "um dos países que recebe", apontou o político
"Em cada um dos municípios que visitei vi pelo menos um projeto financiado pela União Europeia. Algumas vezes, os nossos cidadãos não percebem que os objetivos dos projetos não são definidos pela União Europeia, mas pelo governo nacional. Questionam a questão da continuidade", lamentou.
"Num mandato o dinheiro vai para infraestruturas e, no mandato seguinte, o governo muda as prioridades e o dinheiro vai para outros projetos, como institutos", exemplificou, identificando o problema do dinheiro "poder nem ir tanto para as regiões menos desenvolvidas".
"Temos duas regiões da coesão. Mas, gostaríamos que, se numa região que esteja acima do critério e não possa receber verbas, existir um município que esteja subdesenvolvido, esse município pudesse receber, independentemente da região em que se encontra", lamentou.