"Enquanto não se reconhecer a hipertensão arterial como doença grave, ela vai continuar a matar"- Luís Bronze, presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão -
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A hipertensão arterial continua a ser a principal causa das complicações cardiovasculares em Portugal. Por ser silenciosa e assintomática, muitas pessoas nem imaginam que podem ser hipertensos.
O risco cardiovascular aumenta bastante em pessoas hipertensas. Cerca de 40% dos portugueses adultos sofrem desta doença, segundo explica o professor de medicina, diretor de Saúde da Marinha Portuguesa e presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão. "A hipertensão arterial é responsável pelo AVC e, por isso, exige controlo apertado. É preciso não esquecer que o AVC, induz à mortalidade. Hoje em dia já há formas de o tratar, mas as pessoas continuam a ficar com sequelas".
O desafio, segundo Luis Bronze, não está apenas em diagnosticar a hipertensão arterial, mas sim em fazer compreender a doença às pessoas. Um dos problemas, refere o cardiologista, é tratar-se de uma doença silenciosa e sem sintomas. A maioria dos doentes desconhece se tem a pressão arterial controlada e não é capaz reconhecer a doença. "Parece algo muito simples e o diagnóstico até é relativamente fácil, mas as pessoas têm algumas reticências em reconhecer que são hipertensos, a não ser quando os valores são elevados. Por exemplo, pode acontecer uma pessoa ter um AVC e só depois, na urgência, ser informado que tem a pressão arterial alta e que foi por causa disso que sofreu o acidente vascular cerebral".
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Em muitos casos, o AVC é, infelizmente, o primeiro sintoma da hipertensão arterial. Ter um estilo de vida mais saudável ajuda a evitar a doença. A adesão à terapêutica é também importante para melhorar a qualidade de vida de quem já sofre e vive com esta doença. "A maioria das pessoas tem de fazer medicação a vida toda e é isso que permite diminuir o risco de AVC. Ter uma doença da qual nada se sente e ter de tomar medicação para essa patologia silenciosa causa alguma perturbação e muitos doentes acabam por abandonar a terapêutica ou desleixarem-se".
Sem referir números, o especialista afirma que a pandemia da Covid-19 fez aumentar a morte por doença cardiovascular. Entre outros fatores, os doentes tiveram menos acesso aos médicos o que potenciou o aumento de acidentes vasculares cerebrais. Luís Bronze deixa o alerta: "Enquanto o país não reconhecer a hipertensão arterial como doença grave, ela vai continuar a matar. É difícil as pessoas aperceberem-se disso, porque é uma doença crónica, mas em muitos casos tem consequências a longo prazo".
Pela sua saúde cardiovascular uma iniciativa TSF com o apoio da Servier Portugal