O que está a ser feito e o que falta fazer para Portugal cumprir o assumido desígnio da Organização Mundial de Saúde de eliminar a hepatite C até 2030?
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Três anos depois, para assinalar esse marco no combate à Hepatite C em que o país assumiu uma posição líder a nível mundial no tratamento do vírus que provoca a doença crónica do fígado, a cirrose e até o cancro hepático, o Global Media Group que integra TSF/DN/JN decidiu perceber o que está a ser feito e o que falta fazer para Portugal cumprir o assumido desígnio da OMS - Organização Mundial de Saúde de eliminar a hepatite C até 2030.
Após o sucesso inicial que foi a disponibilização gratuita do tratamento a todos os portadores do vírus, colocam-se agora algumas dúvidas sobre a real capacidade de atingir os objetivos. Quatro médicos com percursos distintos foram convidados a participar e a analisar esta temática em diversos suportes como a imprensa escrita, o vídeo e a rádio.
Fernando Araújo, Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Ricardo Baptista Leite, deputado, Rui Tato Marinho, gastroenterologista, e o psiquiatra Rodrigo Coutinho participam esta quarta-feira, dia 30, depois das 15 horas, num debate alargado sobre Hepatite C transmitido pela TSF e que os próprios antecipam já nestas páginas.
Apesar das incertezas esta é uma história de sucesso que começa pouco depois de, na Assembleia da República, um doente gritar nas galerias: "Senhor Ministro, não me deixe morrer". Estávamos nos inícios de 2015 e a convicção do protesto de quem já tinha passado quase metade dos 50 anos de vida a lutar contra a hepatite convenceu o então Ministro da Saúde, Paulo Macedo, que ouvia naquela ocasião a Comissão de Saúde, sobre a demora no tratamento de doentes infetados.
Após uma longa batalha negocial com a indústria farmacêutica e um penoso arrastar da situação para doentes e familiares que reivindicavam o acesso aos novos medicamentos, o Estado decidiu avançar para o tratamento universal de todos os portadores do vírus. O processo foi revolucionário e, num abrir e fechar de olhos, Portugal assumiu o pioneirismo europeu no combate à Hepatite C com este programa dirigido à totalidade dos doentes com o objetivo também de prevenir e eliminar a doença.
A nível mundial, Portugal foi dos poucos países a fazê-lo. Depois de ler os testemunhos dos diversos especialistas fica a certeza de que nem tudo está bem e há muito caminho para chegar à fase em que se possa eliminar ou reduzir efetivamente a doença. Existem franjas da população que não conseguem chegar ao tratamento. Reclusos, toxicodependentes e sem-abrigo têm estado completamente à margem do sistema com a agravante de serem esses infetados que têm a maior prevalência da doença e onde existe o maior risco de contágio.