A telemonitorização é o meio mais eficaz para promover o contacto entre médico e paciente. No caso da insuficiência cardíaca ganha especial importância devido à necessidade de um diálogo e de um acompanhamento permanente entre as duas partes.
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Sentado frente a um monitor, Armando Magalhães conversa com a médica, no Hospital de Guimarães, que nunca suspendeu a seguimento de doentes com insuficiência cardíaca durante a pandemia.
Mas a ligação entre este paciente a a unidade hospitalar não se concretiza, apenas, em consultas presenciais. Armando encontrou na telemonitorização e no controlo remoto uma forma de viver mais descansado, sabendo que tudo o que se passa com o seu coração, passa diretamente para a sua ficha clínica naquele hospital.
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"Tenho um desfibrilhador CDI [cardioversor desfibrilhador implantável], que é uma ajuda muito grande. Dá mais qualidade de vida, porque eu sei que no hospital vão ao computador e têm a descrição de tudo o que aconteceu comigo. Já recebi uma chamada dos serviços a dizer para eu ir rapidamente ao hospital".
O cardiologista Victor Sanfins, presidente da Associação Portuguesa de Arritmologia, Pacing e Electrofisiologia (APAPE), vinca, do ponto de vista clínico, as vantagens deste sistema, que são ainda mais evidentes nos doentes que sofrem de insuficiência cardíaca.
"Com estes dispositivos, o doente sabe que, permanentemente, qualquer alteração que exista e que tenha importância clínica, nós sabemos muito mais rapidamente do que saberíamos caso estivéssemos limitados às duas ou três consultas anuais, que habitualmente são feitas aos doentes que têm estes dispositivos implantados. O dispositivo faz um registo permanente, sete dias por semana, trezentos e sessenta e cinco dias por ano. Os estudos revelam que pode haver reduções de vinte e cinco por cento de mortalidade anual".
No Hospital da Luz, as teleconsultas foram implementadas em 2016. Daniel Ferreira, diretor do Centro Clínico Digital, garante que as vantagens superam, e muito, os receios que possam existir pela distância.
"Começámos muito antes da pandemia. Na prática, o doente faz o registo, entre consultas, dos parâmetros indicados pelo médico. É um sistema mais cómodo, com a mesma qualidade, rigor e privacidade de uma consulta presencial. Deste modo conseguimos manter um acompanhamento mais próximo, falamos com o doente mais vezes, interagimos com os doentes, percebemos as reações que tiveram aos medicamentos e aos nossos conselhos, percebemos se teve algum efeito secundário, se é preciso ajustar algum medicamento... Isso pode permitir um melhor controlo da insuficiência cardíaca e com isso estamos todos certos que vamos evitar descompensações que levem a novos internamentos".
Na região Norte, no Centro Hospitalar de Vila Nova de Gaia/Espinho, a diretora do serviço de Medicina Interna, Joana Pimentel, quer reforçar a aposta no acompanhamento à distância. "Há um caminho a explorar. A pandemia veio demonstrar isso e nós estamos disponíveis para dar esse passo".
Victor Herdeiro, presidente da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), alinha no mesmo pensamento. "Há com certeza um caminho a fazer. Para avançarmos neste caminho é preciso, no entanto, uma maior capacitação dos recursos humanos e tecnológica".
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