"Consultas a doentes adultos e situações crónicas foram as mais prejudicadas" - Rosa de Pinho, Presidente eleita da Sociedade Portuguesa de Hipertensão.
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A vigilância médica é um dos aspetos mais importantes da prevenção cardiovascular nos cuidados primários de saúde. A pandemia reduziu substancialmente o número de consultas, mas, pouco a pouco, os médicos de família estão a regressar ao contacto direto com os doentes.
"Não tem sido fácil", admite com conhecimento de causa a médica de família. Rosa de Pinho tem a experiência do que vê acontecer num dos centros de saúde de São João da Madeira onde exerce, mas também como presidente eleita da Sociedade Portuguesa de Hipertensão onde chegam as mais diversas informações e comunicações a nível nacional. O regresso das consultas tem sido gradual desde o início do ano, mas o trabalho nos centros de vacinação contra a Covid-19 não permitem o regresso em pleno devido à ocupação dos profissionais de saúde. "Pelo menos para já, não é possível regressar à normalidade. Estou otimista e acredito que no início do próximo ano já possamos ter condições para retomar a normalidade e tudo o que os cuidados de saúde primários faziam tão bem. Estávamos a conseguir diminuir o número de eventos cardiovasculares precisamente pelo bom trabalho que estava a ser desenvolvido".
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Conta esta especialista que antes da pandemia, os doentes controlados tinham habitualmente duas consultas por ano e quando se tratava de casos mais graves havia tantas quantas necessárias. "Agora o objetivo é haver, pelo menos, um contacto por ano". Rosa de Pinho acrescenta que o regresso às consultas será feito preferencialmente com o médico e o enfermeiro presentes nos casos de risco cardiovascular elevado para melhor acompanhamento do doente, o que não está a acontecer atualmente devido aos vários profissionais ainda destacados nos centros de vacinação e em outras tarefas relacionadas com a Covid-19. "Há menos enfermeiros a acompanhar os doentes em grupos de risco, como por exemplo os diabéticos ou os hipertensos porque eles estão a dar apoio à vacinação, o que também é prioritário".
Ainda sem dados concretos, a presidente eleita da Sociedade Portuguesa de Hipertensão admite que a redução dos contactos entre médicos e doentes terá aumentado os casos de enfartes e AVC fazendo da área cardiovascular uma das mais afetadas. A médica explica que consultas a doentes adultos e às situações crónicas foram as mais prejudicadas e relembra os malefícios do sedentarismo que o confinamento acentuou. "As pessoas saíram menos de casa, praticaram menos exercício físico e descuraram a alimentação. Por estas e outras razões, é crucial retomar as consultas e a vigilância médica".
"Pela Sua Saúde Cardiovascular" é uma iniciativa TSF com o apoio da Servier Portugal.