Óleo alimentar e borras de café transformados em detergentes: "A inovação ao serviço da sociedade"
EcoX quer valorizar resíduos alimentares e criar modelos de negócio mais circulares.
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Depois de um produto ser usado, o normal é que seja deitado para o lixo ou reciclado. A EcoX quer quebrar esta tendência e valorizar os resíduos de forma inovadora. César Henriques, diretor-geral, alerta que "precisamos de mudar hábitos, consumir menos recursos, ser mais rentáveis, e economizar água e terrenos". Ao mesmo tempo, é preciso combater o "comprar, usar e deitar fora". "Antes de se deitar fora o resíduo", devemos questionar de que forma é que este "pode ser transformado num produto de valor acrescentado para que não seja necessário ir à fonte buscar recursos naturais", explica.
Neste contexto, a EcoX recorre à economia circular para reaproveitar ingredientes e embalagens e transformá-los em algo novo, com o desenvolvimento de detergentes ecológicos e sustentáveis através de óleo alimentar, a base de negócio da empresa. Mas a investigação é uma constante e, recentemente, a entidade assinou um pacto de valorização da economia circular com a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro para desenvolver novos produtos que vão ser apresentados no próximo ano.
Nos laboratórios já se fazem alguns testes e desta vez a EcoX vai usar um resíduo novo: borras de café, um "subproduto da restauração" que não está a ser reaproveitado. O responsável indica que o resultado vão ser também produtos de limpeza e que o modelo de negócio será circular e semelhante ao do óleo alimentar: os restaurantes fornecem os resíduos e em troca têm acesso a detergentes ecológicos a preço reduzido.
César Henriques considera que é importante colocar "a inovação ao serviço da sociedade, em especial no momento de pandemia em que vivemos". Por isso mesmo, nos últimos meses a empresa desenvolveu também um novo desinfetante e álcool gel para serem usados na restauração. Para o futuro, o diretor-geral confessa que "tem o sonho de poder ter um produto e uma embalagem em que a principal matéria prima é óleo alimentar usado". "Enfim, um conjunto de investigações que estamos a fazer e que esperamos que a curto prazo possam dar os seus frutos", conclui.
Além da EcoX, há outras entidades que querem apostar em novos modelos de negócio e desmaterialização. O Instituto Pedro Nunes vai desenvolver um piloto, através do seu laboratório de Ensaios, Desgaste e Materiais, para se iniciar o processo de desmaterialização de documentos, tendo em vista a redução de papel utilizado em propostas, adjudicações e relatórios. Esta é também uma das áreas em que a Câmara Municipal de Vila de Rei quer apostar, com a autarquia a autarquia comprometer-se com a eliminação do papel até junho de 2021.