Pedro Marques quer frente "europeísta" e não vê "contradição" dentro do PS
Cabeça de lista do PS defende que, independentemente das alianças com liberais e conservadores no Parlamento Europeu, o importante é não ultrapassar as barreiras que dividem os "europeístas" da extrema-direita.
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Pedro Marques considera que "não há nenhuma contradição" entre quem, dentro do PS, quer os socialistas europeus a dialogarem e a coligarem-se com as famílias mais liberais e conservadoras da União Europeia - numa espécie de frente "europeísta" contra os populismos - e quem deseja um PS e uma família socialista europeia a olhar mais para a esquerda.
É desta forma que o cabeça de lista do PS responde, depois de, na terça-feira, num comício em Aveiro, Pedro Nuno Santos, ministro e dirigente socialista, ter defendido "uma linha divisória muito clara entre liberais e socialistas". Para o 'número um' do PS ao Parlamento Europeu, em Bruxelas, as alianças entre partidos de diferentes famílias políticas são possíveis, desde que não sejam ultrapassadas algumas linhas vermelhas.
"Eu já tenho dito que nós temos que construir uma coligação de europeístas contra a extrema-direita, contra os nacionalistas, contra a xenofobia. Essa coligação pode incluir gente da minha família política, gente da família conservadora, gente da família liberal, desde que não se passe essa barreira da xenofobia, da extrema-direita e dos nacionalismos", disse Pedro Marques, no Montijo, durante uma ação de campanha.
A resposta de Pedro Marques surge após a intervenção do socialista Pedro Nuno Santos e depois de a candidata do BE, Marisa Matias, ter criticado uma alegada aproximação de António Costa aos liberais europeus e ter pedido ao líder socialista que "clarifique" e que diga aos eleitores se o PS quer ir pela esquerda ou pela direita.
Segundo o cabeça de lista do PS, o importante, nos próximos tempos - e com a perspetiva de um Parlamento Europeu mais fragmentado -, é avançar para uma "coligação para o progresso" da Europa. "Uma visão mais progressista da Europa, de uma Europa que avança, é uma Europa que recusa a xenofobia os populismos, a extrema-direita", sublinha o candidato, que admite, no entanto, que há "diferenças" percetíveis entre os vários projetos políticos.
"Há diferenças políticas entre nós e a direita, claramente, e entre nós e os liberais também, depois, nas escolhas que se fazem para o avanço do projeto europeu", salientou.
Esta semana, antes de um encontro com o presidente francês Emmanuel Macron, o primeiro-ministro e líder do PS, António Costa, defendeu que, sem maioria dos socialistas no Parlamento Europeu, vai ser necessário "construir alianças", e, ao que tudo indica, o República em Marcha, o partido do chefe de Estado francês, deve juntar-se ao grupo dos liberais no Parlamento Europeu.
"Precisamos de construir uma grande coligação de democratas e progressistas", disse depois, ao lado de Emmanuel Macron, o primeiro-ministro e secretário-geral do PS.