Líder social-democrata sugere que se alargue a avaliação de graus honoríficos a outras personalidades, para ver se não há "mais alguns a jeito".
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O presidente do PSD, Rui Rio, disse hoje concordar "plenamente" que seja retirada a Ordem do Infante D. Henrique ao empresário Joe Berardo e sugeriu que se devia avaliar se há mais personalidades nas mesmas condições.
"Concordo plenamente e até acho que devíamos alargar e ver se não estão mais alguns a jeito para acontecer coisa parecida", declarou, após questionado sobre se concorda com a proposta do CDS-PP para que seja retirada a condecoração com que foi agraciado Joe Berardo no passado.
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Rui Rio falava aos jornalistas no final de uma iniciativa da campanha eleitoral para as eleições ao Parlamento Europeu, que consistiu num passeio no rio Tejo a bordo de um veleiro turístico, promovido pela estrutura -- ainda não formalizada estatutariamente - das Mulheres Sociais-Democratas.
Instado a dar exemplos sobre mais personalidades a quem deveria ser retirada a condecoração, Rui Rio disse que "é melhor não dar" exemplos, admitindo contudo que lhe vinham alguns nomes à cabeça.
Para Rui Rio, as condecorações não devem ser "dadas ao metro e às vezes são dadas ao metro e ao quilo", frisando que os cidadãos agraciados com as Ordens Honoríficas portuguesas "têm uma obrigação acrescida de um comportamento cívico positivo e equilibrado".
"Eu tenho diversas, tenho uma do Presidente da República português e compreendo que se eu agora fizer qualquer coisa que que não está segundo os padrões normais e valores éticos da nossa sociedade me deve ser retirada", declarou.
Nomeado comendador pelo Presidente Ramalho Eanes, em 1985, o empresário madeirense Joe Berardo foi agraciado em 2004 por Jorge Sampaio com a Grã Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
O empresário foi ouvido no parlamento na sexta-feira, onde disse que é "claro" que não tem dívidas e confirmou que a garantia que os bancos têm é da Associação Coleção Berardo e não das obras de arte.
Condenando a "audição absolutamente incrível" de Joe Berardo" no parlamento, Rui Rio criticou depois o PS, afirmando que "é preciso ser cínico para se dizer que se está chocado com o que aconteceu no parlamento com o Joe Berardo quando pelo menos com ele são culpados todos os que lhe emprestaram o dinheiro", numa referência à Caixa Geral de Depósitos.
"Vemos diversos membros do Governo chocados com o desplante do Joe Berardo mas eles não estão chocados com a decisão que o governo do PS liderado pelo Sócrates, onde estavam muitos ministros que hoje voltaram a ser ministros, de nomear uma administração da CGD que fez o assalto político ao BCP e foi isso que determinou em larga medida a dívida do Joe Berardo", sustentou.
O líder do PSD sublinhou que o dinheiro não foi emprestado para "investir e dinamizar a economia" mas sim para "ele fazer um assalto político a esse outro banco", considerando que "quem estão chocados são os portugueses que têm de pagar" o que Joe Berardo "agora não paga".