O boicote prende-se com o facto de não ter sido atribuído às rádios locais nacionais nenhum tempo de antena.
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A CIR - Cadeia de Informação Regional, composta por sete rádios locais transmontanas, não vai fazer a cobertura das eleições europeias. O boicote prende-se com o facto de não ter sido atribuído às rádios locais nacionais nenhum tempo de antena. Assim, recusam-se a fazer qualquer tipo de notícia sobre a atividade dos candidatos em Vila Real e Bragança.
"Entendemos que não é justo, as rádios locais serem colocadas de lado naquilo que é a atribuição dos tempos de antena", diz Paulo Afonso diretor da Rádio Brigantia de Bragança.
A Brigantia é uma das cinco rádios do distrito de Bragança que conjuntamente com mais duas de Vila Real compõem a Cadeia de Informação Regional que cobre toda a região transmontana e que já funciona há mais de 20 anos. Ali, nos próximos dias de campanha para as eleições europeias não vai ser ouvido nenhum candidato ao parlamento europeu.
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"O boicote vai ser feito às ações de campanha por parte dos candidatos que vêm às regiões falar até de problemas que têm a ver com as nossas regiões, a partir daquilo que são os desígnios da Europa, e nós não vamos fazer cobertura"
Paulo Afonso acrescenta que as rádios locais, de norte a sul, vivem os dias a contar tostões "para poderem sobreviver" e não entendem esta atitude de não-atribuição de tempos de antena. "Como sabemos os tempos de antena são pagos e é uma ajuda importante sob o ponto de vista financeiro."
As rádios ficaram a saber desta atitude através da associação que as representa porque, acrescenta o diretor da Brigantia, "o Estado não fala connosco diretamente. Mais uma vez fomos colocados de lado".
E o desconforto com a atitude já não se fica só pelas rádios transmontanas. "Coimbra, Viseu e Évora já se associaram ao nosso movimento. Como isto ainda tem poucos dias certamente mais rádios se vão associar".
Esta foi a gota de água, salienta Paulo Afonso, depois de sistematicamente o estado exigir obrigações que sufocam estas pequenas empresas de comunicação. "Ao fim do ano, tudo somado, dava para pagar a mais um ordenado".
Em Trás-os-Montes não haverá cobertura e o país das rádios locais parece preparar-se para não dar voz às eleições europeias.
À TSF, a CNE diz que não conhece este caso em concreto, mas que a lei apenas prevê tempos de antena em rádios nacionais e regionais. Adianta ainda que pede a lista dessas rádios à entidade reguladora para a comunicação social.