Sem arriscar muito e em ritmo moderado. O PS elegeu a abstenção como adversária
Ao contrário do que aconteceu com outros partidos - que foram correndo em ritmo mais frenético -, a campanha do PS foi sendo feita em ritmo de cruzeiro, com um número menor de iniciativas e uma primeira semana com poucas ações de rua. Só com o passar do tempo, estas ações aumentaram.
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Ao longo destas duas semanas foi sempre ficando a ideia de que, do lado socialista, a estratégia passaria sempre por ficar na expectativa e evitar que fosse o PS a dar o primeiro passo nos ataques às restantes candidaturas. Isso mesmo sublinhou, por diversas vezes, Pedro Marques, que se esforçou por passar a mensagem de que a campanha seria feita pela positiva, apenas para assinalar as diferenças - em particular em relação aos projetos políticos e programas de PSD e CDS - e para esclarecer o eleitorado.
Apesar disso, Pedro Marques acabou por participar também nas trocas de argumentos mais violentas, sobretudo depois de o cabeça de lista do PSD, Paulo Rangel, ter feito uma viagem de helicóptero sobre as áreas atingidas pelos incêndios, naquela que foi uma ação aproveitada também, e muito, por António Costa. O secretário-geral do PS esteve sempre muito presente na campanha e, depois de vincar que as eleições europeias seriam uma avaliação ao Governo, passou a figura central desta candidatura do PS.
Em plena campanha para o Parlamento Europeu, os socialistas foram tentando colocar no centro do debate temas como as alterações climáticas, a digitalização ou os direitos sociais na União, acenando com um "novo contrato social" com os europeus.
Mas, nos comícios da noite, ouviu-se sobretudo a colagem de PSD e CDS ao Partido Popular Europeu (PPE) e a Manfred Weber, o homem que "pediu sanções" para Portugal, e salientou-se aquilo que o PS entende serem os méritos da governação do atual Governo, sempre representado nesta campanha com a presença de vários ministros.
Outro sublinhado deve ser feito também em relação às criticas do PS ao PCP e ao BE. Os ataques mais diretos aos parceiros da esquerda surgiram apenas na última quarta-feira, ao décimo dia de campanha, e na margem sul do Rio Tejo, em terreno fértil para ganhar votos à esquerda.
Com sondagens favoráveis ao longo da campanha, a caravana socialista procurou também não desarmar na mobilização do eleitorado. António Costa fez apelos constantes ao voto contra a abstenção, transformada por Pedro Marques na principal adversária.
Resta agora saber se, além de uma desejada vitória sobre o PSD que não seja por "poucochinho", o PS também consegue vencer este adversário.