Prestes a terminar o mandato, o eurodeputado socialista Manuel dos Santos dispara críticas em várias direções.
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O eurodeputado que, em 2016 substituiu o lugar deixado vago por Elisa Ferreira, lança várias farpas dentro do partido e da própria delegação socialista em Bruxelas, responsabilizado a ausência de dossiês, pelo mau resultado que obteve na classificação dos eurodeputados.
Nem o líder do partido e atual primeiro-ministro António Costa escapa à criticas, nomeadamente pela expressão que utilizou em 2014, quando António José Seguro levou o partido a uma vitória nas eleições europeias, por um resultado de 31,4 por cento. Na altura, o então presidente da Câmara de Lisboa considerou o resultado pouco expressivo, levando-o a cunhar a expressão "poucochinho", quando desafiou a liderança.
Em entrevista à TSF, o apoiante de Seguro desafia agora Costa a ultrapassar o resultado de 2014, considerando que "tem de ter pelo menos nove ou dez [eurodeputados] e se não tiver, portanto, é um fracasso".
"Penso até que o PS - até para não ficar amarrado à infeliz frase da vitória poucochinho -, tem de ter uma vitória por "muitochinho". E, portanto, tem que subir significativamente o número de deputados", frisou, acrescentando que há "todas as condições" para que tal aconteça.
"Neste momento o PSD está numa situação muito fragilizada. E, portanto, nessa condição fragilizada, há todas as condições para o PS ter um bom resultado - o que não quer dizer que tenha", considerou Manuel dos Santos, dando o exemplo das "últimas eleições legislativas", em que "o quadro político era o melhor para o PS e o PS não ganhou as eleições".
"Estávamos a sair da troika, estávamos a sair do Passos Coelho e a sair das situações graves que tinham surgido em volta do Passos Coelho e mesmo assim [António Costa] não ganhou as eleições", vincou, considerando legítimo que agora se "exija" mais.
"Agora tem que se exigir ao PS que suba significativamente o seu resultado eleitoral e que em vez dos 31,4% que teve o Seguro, tenha pelo menos 35 ou 36", disse, frisando que "tudo o que for abaixo disso não é um sucesso".
Pior resultado
Manuel dos Santos foi considerado o pior deputado português, de acordo com um ranking que tem em conta vários critérios de avaliação, nomeadamente as intervenções em plenário, os relatórios em que participa, a assiduidade, entre outros fatores.
Nesta entrevista à TSF, o deputado desvaloriza a classificação do ranking dos eurodeputados, admitindo até que uma tal classificação tem sido "divertido"
"Tenho-me divertido muito ultimamente com os rankings que vocês - a comunicação social - põem cá fora", afirmou, lamentando que haja fatores que "não controla" e que contam para uma classificação que "não conta os tempos de palavra nas comissões".
"Os itens que eu posso controlar, - que é a presença nos plenários e as votações -, eu estou nos lugares cimeiros. Aqueles que não estão sob o meu controlo, como a atribuição de relatórios, a atribuição de tempos de palavra no plenário, evidentemente que eu tenho performances baixas, porque eu cheguei aqui, com os principais relatórios distribuídos", afirmou.
O deputado acredita que "se continuasse no próximo mandato, provavelmente teria boas hipóteses de ser relator para o orçamento", afirma, frisando que já foi "relator sombra (...) e normalmente o relator sombra, de um determinado ano, é o relator efetivo do orçamento do ano seguinte. Mas isso era preciso que eu continuasse. Como não vou continuar, não vou ser".
Manuel dos Santos foi entrevistado no âmbito do programa A Hora da Europa. Ao longo as próximas semanas a TSF procura respostas a questões como as alterações climáticas, crescimento e emprego, direitos humanos, eleições europeias, futuro da Europa, migrantes, proteção dos consumidores, proteção social? Estes são alguns dos pontos de partida para a conversa com os eurodeputados, em direto, de Bruxelas ou Estrasburgo.
Todas as semanas, às quartas-feiras, antes do Fórum, na emissão TSF e em TSF online, os temas europeus passam por aqui.
"O ciclo de 21 entrevistas" faz parte do projeto da TSF A Hora da Europa, com o apoio do Parlamento Europeu.