Telemonitorização de insuficiência cardíaca abrange 31 doentes no Centro Hospitalar Cova da Beira
Descobrir que se sofre de insuficiência cardíaca pode mudar uma vida, mas não significa deixar de vivê-la. A iniciativa "Coração de Portugal" dá a conhecer histórias de esperança contadas por doentes e de quem procura, com projetos e iniciativas, melhorar a vida de quem luta contra a doença. É o caso de um projeto de telemonitorização que nasceu em 2017 no Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira.
Corpo do artigo
José Matos nunca tinha tido problemas cardíacos até que há três anos surgiram os primeiros sintomas: "Não conseguia andar, tinha falta de ar, não conseguia respirar e mal conseguia dormir, só dormia sentado. Até ao Natal de 2017 entrei três ou quatro vezes no Hospital, demorou bastante tempo a controlar a situação", explica.
Desde então, o antigo comissário de bordo tem sido acompanhado no Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira pelo cardiologista Luís Oliveira. O especialista explica que José tinha um quadro de insuficiência cardíaca grave: "A fração de ejeção era muito baixa e viemos a descobrir que sofria também de doença coronária, tinha uma artéria no coração bloqueada".
TSF\audio\2020\12\noticias\11\11_dezembro_2020_coracao_de_portugal
Depois de receber o diagnóstico de insuficiência cardíaca, José Matos foi integrado num programa de telemonitorização inovador que estava dar os primeiros passos no Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira. O sistema permite controlar à distancia a evolução do estado de saúde dos doentes, prevenir episódios de descompensação, internamentos e reduzir os custos hospitalares associados a esta patologia.
"Tenho em casa uma quantidade de aparelhos do Hospital: tenho um iPad ligado ao computador do médico; aparelhos para medir tensão, peso, pulsação, oximetria, temperatura e sono e diariamente tenho de enviar as contagens. Também tenho uma pulseira que mede as horas que eu durmo e os passos que dou durante o dia", explica José Matos.
O cardiologista Luís Oliveira, que lidera o projeto, explica que através destes parâmetros o estado clínico é controlado de forma simples e eficaz: "Esses parâmetros são enviados remotamente para o Serviço de Cardiologia e para um call-center onde estão enfermeiros que fazem essa avaliação diária de retaguarda e avisam-nos se houver algum alerta."
https://d2al3n45gr0h51.cloudfront.net/2020/12/dn_coracaodeportugal_josemanuelmatos__20201211143051/hls/video.m3u8
José Matos confirma a prontidão do serviço: "Se alguma coisa estiver fora dos parâmetros normais eles telefonam imediatamente com a solução, para ir ao Hospital ou mudar a medicação. Já me aconteceu ter a pulsação acelerada e mandarem-me imediatamente ao Hospital."
Além de prevenir o agravamento do estado de saúde, o projeto permite evitar o recurso às urgências. O cardiologista Luís Oliveira sublinha que "a ideia ao monitorizar estes parâmetros simples é ir acompanhando o estado de saúde dos doentes e evitar que o doente descompense e necessite de internamento, porque são situações em que geralmente há um agravamento no prognóstico."
O projeto deu os primeiros passos há 3 anos no Centro Hospitalar Universitário da Cova da Beira e o cardiologista, que lidera o sistema de apoio domiciliário, garante que os resultados são muito positivos: "Ao fim do primeiro ano, tendo como comparação o ano anterior, os doentes recorreram à urgência menos 83%, foi uma redução brutal, e conseguimos também reduzir os internamentos em 60%."
Neste momento o projeto de telemonitorização acompanha 31 doentes com insuficiência cardíaca grave. José Matos é apenas um dos casos e não esconde a satisfação: "Sinto-me mais tranquilo porque sei que à mínima coisa tenho assistência imediata. Não só fico mais sossegado, como os próprio médicos se livram de muito trabalho. Costumo dizer que se calhar vou morrer de uma unha encravada, porque do resto estou super protegido. Tomara que isto fosse implementado em todos os hospitais de Portugal", desabafa.
Coração de Portugal é uma iniciativa do DN, JN e TSF com o apoio da Novartis e Medtronic.