Viseu. Associação empresarial quer criar simbioses industriais na região
AIRV vai desenvolver plataforma para que as entidades possam trocar resíduos entre si.
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As simbioses industriais são uma estratégia poderosa para promover práticas de economia circular. Neste contexto, a AIRV - Associação Empresarial da Região de Viseu quer identificar e avaliar quais as oportunidades de simbioses industriais que existem nos concelhos da Comunidade Intermunicipal Viseu Dão Lafões. A iniciativa está inserida no Pacto Institucional para a Valorização da Economia Circular na Região Centro, dinamizado pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.
A responsável pelo projeto, Filipa Pinto, conta que o processo iniciou com "uma caracterização de todo o tecido empresarial da área de abrangência da CIM. Depois, começámos a ver onde é que havia as melhores oportunidades, onde havia mais empresas, mais aglomerados" nos vários concelhos. Agora, a AIRV pretende disseminar um questionário por todas as empresas para que estes indiquem "quais são os resíduos que produzem, quais são as quantidades, e qual é o tipo de destino que dão aos resíduos" para que seja possível à associação "fazer o estudo das possíveis simbioses".
Com o levantamento de informação ainda a decorrer, Filipa Pinto ressalva que ainda não se conhecem quais os resíduos que poderão ser reaproveitados. No entanto, arrisca alguns exemplos, entre os quais os "resíduos na agricultura, que podem ser usados na pecuária para alimentar animais e que, se calhar, são colocados no lixo"; ou então os "restos de madeira de uma indústria de madeira, que podem ser aproveitados por entidades mais pequenas".
Depois do levantamento da informação mais pormenorizada, Filipa Pinto explica que a associação vai perceber quais os resíduos que "têm mais potencial de troca" e propor a criação de uma plataforma "onde as entidades possam especificar o que produzem e do que precisam" para que possam comunicar de forma mais autónoma.
No final do projeto, a responsável adianta que a AIRV vai promover vários seminários "para criar consciência nas pessoas, para as informar e para tirar dúvidas" sobre a plataforma. "Normalmente as pessoas são reticentes a certas coisas, e eu acredito que esta seja uma delas. Por isso, vai ter de ser muito bem explicada e têm de ser logo mostradas as vantagens que as pessoas podem tirar deste tipo de simbiose", sublinha.
Além da AIRV, também a CELPA e o CTIC - Centro Tecnológico das Indústrias do Couro assinaram um pacto com a CCDRC. A Associação da Indústria Papeleira pretende realizar acordos de parceria com indústrias utilizadoras dos subprodutos das suas associadas. Este é um exemplo de como a iniciativa de uma associação setorial pode facilitar o surgimento de simbioses, num setor de grande importância para a região. Já o CTIC vai valorizar resíduos de outras indústrias no processo industrial de curtumes, promovendo também a simbiose industrial num setor da região com fortes custos ambientais.