As pessoas cegas vão poder votar nas próximas eleições europeias de forma autónoma, segura e secreta através dos boletins em braille que vão estar disponíveis em todas as mesas de voto, "um passo extremamente importante", na opinião da ACAPO.
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O presidente da Associação de Cegos e Amblíopes de Portugal (ACAPO), Tomé Coelho, salienta que se trata de "um passo extremamente importante" para as pessoas cegas, mesmo que pareça algo simples para a maioria das pessoas.
"É algo que nunca aconteceu no nosso país, possibilitar pela primeira vez que as pessoas com deficiência visual possam votar autonomamente, possam ter a certeza de que votam no partido ou na coligação que desejam. Pela primeira vez estamos todos no mesmo patamar. É um ato de autonomia, liberdade e igualdade", destacou Tomé Coelho.
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O presidente da ACAPO lembra que até agora as pessoas cegas precisavam e dependiam de uma pessoa que as acompanhasse e votasse por si ao selecionar no boletim de voto o partido escolhido, o que lhes retirava a certeza absoluta de estarem a votar em quem queriam.
Para Tomé Coelho, a existência de um boletim de voto em braille dá às pessoas cegas "condições de igualdade no exercício do seu direito e no cumprimento de dever de votar".
Durante os próximos dias, a ACAPO vai divulgar e difundir o novo método de voto. Nas sedes regionais da associação, vai ser mesmo possível fazer uma simulação de voto com o novo sistema.
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Quanto ao funcionamento do voto em braille, quando a pessoa cega se dirigir à sua mesa de voto, ser-lhe-á entregue uma matriz que já tem um boletim de voto no interior, e graças à qual a pessoa consegue identificar os partidos e assinalar a cruz num quadrado recortado, sendo que cada partido corresponde a um número.
Antes de votar é entregue uma folha explicativa onde é feita a correspondência entre o número da candidatura e o respetivo partido para que depois a pessoa identifique facilmente na matriz o número que quer assinalar. Uma vez feito o voto, o boletim deve ser dobrado em quatro.