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Lisboa, 21 Ago (Lusa) - O realizador e produtor de cinema, argumentista, documentarista e actor alemão Volker Schlondorff apresentou hoje em Berlim o seu aguardado livro de memórias, um olhar retrospectivo de um dos realizadores mais importantes do novo cinema alemão.
"Volker Schlondorff. Luz, Sombras e Movimento. A minha vida e os meus filmes" é o título do livro hoje lançado no mercado, ao mesmo tempo que uma colecção de DVD que reúne toda a sua obra.
Escrever o livro "foi algo a que não estava habituado. Mas, apesar disso, fi-lo sozinho, com a ajuda dos meus diários e de um caderno de notas. É um livro, não é literatura", sublinhou Schlondorff, em entrevista à agência noticiosa DPA citada pelo diário espanhol El Mundo.
"Queria escrever, escrever, escrever, foi uma viagem no tempo e, de algum modo, também é um livro de história", contou o cineasta, vencedor do primeiro Óscar atribuído ao cinema alemão, após a Segunda Guerra Mundial, por "O Tambor" (1979).
Além disso, este livro acabou também por ser "um balanço de vida e da 'verdadeira vida' de um realizador de cinema", acrescentou, na entrevista.
"Provavelmente, essa 'verdadeira vida' é a única utopia que nos resta", considerou o realizador de "O Nono Dia".
Aos 69 anos, explicou que escrever as suas memórias não representa de modo algum o fim do seu longo percurso profissional.
Orgulhoso realizador de filmes como "Homo Faber" (1991) e "O Jovem Törless" (1966), Schlondorff reconhece ter encontrado no cinema a "profissão sonhada".
"Agora estou mais próximo que nunca do que sempre quis ser", apesar de, como cineasta, "duvidar uma e outra vez do próprio talento", observou.
Depois de escrever as memórias e de trabalhar durante sete anos na rodagem de "A Papisa", que acabou por ter de abandonar, Schlondorff prepara "Gigola", o seu novo filme sobre o mundo do teatro de variedades de Paris e seus protagonistas.
Para o ano, tenciona adaptar ao cinema a última obra de teatro de Leon Tolstoi "E a Luz Brilha na Escuridão" (inacabada), com os actores alemães Angela Winkler e Hans-Michael Rehberg.
Em 2002, o Festival de Cinema de San Sebastián dedicou-lhe uma retrospectiva pelo seu contributo para o cinema europeu, destacando igualmente o compromisso político que sempre manteve com o seu país e com o cinema, manifestado nos últimos anos no enorme esforço que efectuou para recuperar e manter os velhos estúdios da UFA/DEFA em Babelsberg, Berlim.
ANC.
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