Madeira: Jardim critica "hipocrisia e autoritarismo colonialista" de quem nega direitos aos madeirenses
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Funchal, 21 Ago (Lusa) -- O presidente do Governo Regional da Madeira criticou hoje "a hipocrisia, o autoritarismo colonialista e a mediocridade político-partidária" de quem nega direitos ao povo madeirense, numa alusão ao Estado central.
Alberto João Jardim, que interrompeu hoje as férias no Porto Santo para participar nas comemorações oficiais dos 500 anos da elevação do Funchal, falava na sessão solene do dia da cidade.
"É hipocrisia falar das legítimas e indiscutíveis necessidades de melhoria das condições de vida dos povos, mas por autoritarismo colonialista e por mediocridade político-partidária se negar os direitos do povo madeirense", declarou Jardim, numa alusão ao Estado central.
O líder madeirense realçou a memória dos "homens e mulheres de fibra" que construíram ao longo dos últimos cinco séculos a "cidade capital da Região Autónoma que foi diocese-mãe até ao Brasil e à Índia".
"O Funchal e a sua expansão dentro e fora do território insular, constituem um hino ao trabalho que saberemos entoar contra quem não tenha legitimidade ou razão", sustentou.
No seu discurso, considerou que a sociedade portuguesa está "agredida por políticas que complicam o dia-a-dia de cada cidadão", acrescentando ser de recusar as denominadas "causas fracturantes" enunciadas pelo primeiro-ministro por considerar que esta designação "traduz uma vontade conjuntural, exótica e agressiva de quebrar o articulado lógico de valores pátrios".
Jardim defendeu que o "debate democrático deve prioritariamente abordar as questões de fundo, em vez de se perder por casos pontuais ao sabor de interesses ilegítimos, onde poder e oposição se limitem ao papel redutor de peças do mesmo sistema esclerosado".
Adiantou que um país que pactua com este tipo de comportamento, que retira à política a dimensão ética, "vive uma situação de decadência".
O chefe do executivo regional argumentou que um povo que se mantém "num conformismo podre, assistindo passivo à violação dos seus direitos legitimamente adquiridos, que não reaja democraticamente, tem a alma nacional enferma".
"Nós e as próximas gerações temos a obrigação de continuar este percurso de coragem e de luta", disse, garantindo que "o povo madeirense é capaz de mais e de melhor" porque "recusou sempre a decadência, o autoritarismo, a mediocridade e a apatia conformada".
Quanto ao presidente do município, Miguel Albuquerque salientou a "capacidade de realização e trabalho" e a "notável resistência às adversidade que a condição insular sempre impôs" dos madeirenses.
"A história é testemunha que nunca aceitamos as iniquidades e esquecimentos que os poderes conjunturais da metrópole amiúde nos tentaram impõe", declarou.
O autarca funchalense afirmou que "não há nenhum estado num regime político conjuntural que possa subsistir impondo a subjugação de uns portugueses relativamente a outros portugueses".
"Sabemos que o centralismo do estado e a distância arrogante do poder leva à degeneração da democracia", opinou.
Sobre os objectivos para o futuro, Miguel Albuquerque referiu que são fazer do Funchal uma cidade "cosmopolita, aberta ao mundo, aos outros e ás diversas culturas, que se afirme crescentemente a nível internacional pela qualidade da sua maior indústria que é o turismo e se afirme pela sua maior riqueza: a afectividade e a humanidade dos funchalenses".
A sessão solene contou com a presença do Cardeal Ivan Dias, Perfeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, do Bispo da Diocese do Funchal, D. António Carrilho, do Arcebispo D.Maurlio Gouveia, o bispo Emérito, D.Teodoro Faria, o vice-presidente da Assembleia da República Guilherme Silva e demais entidades civis e militares.
O Funchal assinala hoje oficialmente os 500 anos da sua elevação a cidade com um vasto programa de actividades.
AMB
Lusa/fim