Um novo projeto da Google pretende usar os ouvidos dos internautas de todo o mundo para salvar os recifes de coral.
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A ideia passa por usar uma larga comunidade de ouvintes para identificar os sons de peixes num recife de coral saudável e depois fornecer essa informação à inteligência artificial para que ela o faça sozinha.
É um projeto da divisão Arts & Culture, da Google, que explica que nos últimos anos um grupo de investigadores universitários tem instalado microfones especiais nos recifes de coral. Chamam-se hidrofones.
O biólogo marinho Steve Simpson é o líder deste projeto. O professor na Universidade de Bristol conta que "no recife, há milhares de espécies de peixes que produzem 'pops' e grunhem e coaxam enquanto comunicam uns com os outros". Uma paisagem sonora cheia de vida e na qual também se "ouvem os camarões a fazer um sons que, todos juntos, fazem com que o recife pareça estar a borbulhar".
São esses ruídos, essas vocalizações dos peixes e não só, que no último ano têm sido captados.
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Mary Shodipo conta que os gravadores estão "em vários recifes e também em zonas adjacentes, onde há sobrepesca". A bióloga marinha explica que "o objetivo é comparar esses sons e perceber melhor quais os efeitos da pesca na paisagem sonora dos recifes, que é um indicador importante da saúde dos corais".
O problema é que o material de estudo é demasiado extenso para a equipa. Mary Shodipo lembra que o sistema está ligado "24 horas por dia e agora temos centenas de horas para ouvir".
É aqui que os internautas podem ajudar.
"Precisamos da ajuda de todos para formar um coletivo de audição" afirma. Os resultados desse trabalho, diz a bióloga, "vão ser depois utilizados para treinar os computadores a identificar os sons dos peixes de forma automática".
É num site criado pela Google que os internautas podem ajudar. Primeiro há um processo de treino e depois é tempo de ouvir os sons e identificar os sons dos peixes.
Gravações que, além do treino da Inteligência Artificial, vão servir para um outro fim, conta o líder do projeto. Steve Simpson explica que vão ser construídas "misturas. Gravações onde colocamos os sons de muitos peixes".
Esses áudios criados pelos biólogos vão ser então reproduzidos em recifes que estão em declínio. A ideia é repovoar esses ecossistemas.
Steve Simpson diz que é possível enganar os peixes. Os sons servem de engodo e "quando tocamos esses sons debaixo de água em zonas que queremos recuperar, conseguimos atrair uma nova geração de animais que passam a viver ali".
Para aceder a este projeto e ajudar nesta iniciativa da Google, vá por aqui.