A Terra está a girar mais depressa: vêm aí dias mais curtos entre julho e agosto
Ainda que com uma diferença mínima de milissegundos, os dias mais curtos podem criar pequenos problemas nos sistemas de GPS. Em declarações à TSF, o investigador Pedro Machado explica, contudo, que as imprecisões "não vão ter um erro tão grande que afete o dia a dia"
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Os dias vão ser mais curtos entre 22 de julho e 5 de agosto, uma vez que a Terra está a girar mais depressa, segundo os cálculos feitos pelo Serviço Internacional de Rotação da Terra e Sistemas de Referência.
Dificilmente se vai notar a diferença nesse acelerar da rotação, medida em menos de 1,5 milissegundo (o milissegundo corresponde a um milésimo de segundo). Em declarações à TSF, Pedro Machado, investigador do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, explica que não vai haver "menos tempo" para realizar tarefas, porque as variações "são muito curtas".
Apesar de existirem várias causas para este fenómeno, há algumas "mais lógicas em termos científicos". Desde logo, o principal motivo prende-se com um "momento de inércia" do planeta em relação ao seu eixo de rotação: variações na interação entre a atmosfera e o relevo e a alteração da temperatura dos mares levam a uma "dissipação de energia" que impacta a velocidade da rotação da Terra.
Dias mais curtos, ainda que com uma diferença mínima de milissegundos, podem criar pequenos problemas nos sistemas de GPS.
"Essa imprecisão [das medições que nos são dadas pelo GPS] é também muito diminuta. Apesar disto ser verdade — como é muito diminutivo e vão ser só alguns dias em que isso vai acontecer —, na verdade não vai ter um erro tão grande que nos afete no dia a dia", acrescenta.
Há também outra hipótese a ser estudada pelos cientistas e que até vai em sentido contrário daquilo que está a acontecer atualmente. O facto de a Lua estar a afastar-se do planeta Terra em cerca de quatro centímetros por ano tem como consequência um "aumento gradual do dia", isto é, do período de rotação da Terra.
"Isto é muito lento, é um fenómeno que não será mensurável no nosso tempo de vida, mas, daqui a alguns séculos, a duração do dia na Terra vai ser mais longa. Daqui a alguns milhares de anos vamos ter tempo num dia para arrumar com as nossas coisas todas, acabar a nossa lista de coisas a fazer num dia de trabalho. Vai dar tempo para tudo", esclarece o investigador.
O dia mais curto desde que há registo foi 5 de julho de 2024.