O alerta partiu da Agência Espacial Portuguesa: está em curso uma tempestade solar geomagnética que pode ter efeito nas infraestruturas terrestres. Infraestruturas de eletricidade, mas também sistemas de satélite, por exemplo. É de manter apertada vigilância
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Inês Ávila é gestora de segurança na Agência Espacial Portuguesa e garante que até ver está tudo controlado. Quando muito pode haver falhas no GPS e auroras boreais.
"A tempestade iniciou-se já nas primeiras horas de sábado, ainda de madrugada. Foi detetada uma injeção da massa do Sol em direção à Terra e o plasma está a viajar a grandes velocidades em direção à Terra, o que significa que traz uma radiação extra à nossa atmosfera."
Pode parecer assustador, mas não é, garante esta especialista. "Para já, e daquilo que se tem sentido e das medições que têm sido feitas, não se está à espera de disrupções graves".
Esta tempestade em curso foi classificada como sendo de grau 4 (G4 numa escala que termina em G5), portanto como potencial para levar os efeitos até ao planeta azul, mas nã se preveem problemas.
"A informação que temos é que poderá haver algumas, poderão sentir algumas alterações a nível da rede elétrica, principalmente nos países nórdicos, mais próximos do polo Norte, mas tal não é esperado ao nível das latitudes portuguesas."
Ainda assim, "poderá haver, como já existiu no ano passado, algumas auroras boreais que cheguem um bocadinho mais a sul, no entanto, não é expectável, principalmente a nível dos sistemas terrestres, que haja impactos ou disrupções maiores".
E como é se sabe o que acontece no Sol? "Temos algumas missões espaciais que estão posicionadas em locais que nos permitem ter esta visibilidade do Sol e, portanto, vão fotografando o Sol diariamente. Através destas fotografias, podemos perceber quando é que há esta atividade solar. Existem também, à volta da Terra, alguns satélites que têm instrumentos que nos permitem medir as condições atuais na atmosfera."
A vigilância vai manter-se enquanto a atividade solar extraordinária se mantiver. No pior cenário teremos pro estas noites auroras boreais. Talvez não "devido à nossa posição geográfica a sul".
Inês Ávila admite que ainda assim que algum impacto pode haver, por exemplo, nos sistemas de orientação por satélite, como GPS dos nossos telemóveis.
"Ao nível do GNSS, que é a componente europeia, poderá haver, por exemplo, uma perda de fiabilidade, pode não ser tão preciso. Estamos a usar o GPS e pode não ser tão preciso quanto é habitual".
Tempestades destas podem causar apagões como o apagão ibérico que ainda procura explicações. Inês Ávila garante que não foi o caso, mas pode vir a ser no futuro.
"Já não acontece há muitos, muitos anos, mas, de facto, com tempestades solares fortes o suficiente pode resultar nesse tipo de disrupção."
É também para prevenir isso que se trabalha nas agências espaciais europeias.