Se no mundo da tecnologia, o tempo parece passar mais rápido do que nas outras indústrias. Então, quando o assunto é a Huawei, ainda pior. É por isso que este portátil há duas semanas parecia muito apetecível, e agora nem tanto.
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O que ontem era verdade, hoje já não é, sendo que amanhã talvez volte a ser, mas só durante três meses. Sim. Refiro-me à recente tomada de posição por parte da administração norte-americana relativamente à fabricante chinesa.
Ainda há umas semanas era business as usual, depois passou a figurar de uma lista negra de empresas com as quais as companhias norte-americanas não podem fazer negócios, e agora (neste preciso momento, bem entendido) essa proibição está suspensa para que as companhias norte-americanas se possam ajustar à nova realidade.
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É neste momento difícil perceber o que irá acontecer nos próximos tempos. A administração Trump pode voltar atrás, ou pode ser irredutível, como os burros, e não se mexer.
Nunca falei com o senhor, nem com ninguém do seu governo, no entanto, fui em novembro 2016 um dos enviados especiais da TSF às eleições norte-americanas. E na altura, dos seus discursos e dos seus comícios, fiquei com a impressão que era alguém que não dava um passo atrás. Irredutível, portanto. Fiquei também com a impressão que os seus apoiantes - e eram milhões na zona por onde andei: o interior da América e Silicon Valley - apreciavam isso mesmo, o facto de ele ser irredutível. Está dito, está dito. Não volta atrás. O polémico muro é disso exemplo. Trump está longe de o conseguir terminar, mas não dá um único sinal de desistir. Bem pelo contrário.
a Huawei tem à sua frente dias e meses muito agitados
Claro que no caso da guerra comercial com a China, as coisas são bem diferentes, e Trump pode mesmo ser obrigado a pôr o rabo entre as pernas, mas até isso acontecer...
Parto, por isso, para esta review com a ideia de que a Huawei tem à sua frente dias e meses muito agitados.
O fim, para já, dos computadores da Huawei?
Tão agitados que o Matebook 13 pode mesmo vir a ser um dos últimos portáteis fabricado pela companhia chinesa. Tudo por causa dos processadores. O que se passa, é que ao contrário dos telemóveis, nos computadores há dois grandes produtores e pouco mais: a Intel e a AMD. A Intel é norte-americana. A AMD também, mas com uma agravantes: a popularidade dos seus processadores tem épocas e a época que vivemos não é a mais feliz. Assim, e para evitar ainda mais dores de cabeça, eu não me admiraria se a Huawei pusesse em pausa os seus planos para os computadores portáteis.
o Matebook 13 pode mesmo vir a ser um dos últimos portáteis fabricado pela Huawei
E se os processadores são fundamentais, o que dizer do sistema operativo? É verdade que até ao momento a Microsoft ainda não disse nada sobre o que vai fazer relativamente ao Windows nos portáteis da Huawei, mas o mais provável é que nem possa fazer nada. Apenas, tal como a Google, limitar-se a cumprir a lei norte-americana e não negociar, nem dar qualquer tipo de suporte técnico à fabricante chinesa. Mais um dado para acompanhar nas cenas dos próximos capítulos.
Está carregado de coisas boas
É uma pena que o Huawei Matebook 13 se veja envolvido nesta guerra comercial entre americanos e chineses. Um infortúnio porque se trata de uma máquina francamente boa, com um preço interessante.
Ainda há pouco falei do processador, um Intel (claro) Core i7 8565U a 1.80GHz e aí está uma das razões pela qual está máquina tem tantos fãs. É rapidinho e não temos de esperar por nada. Mesmo em jogos e em tarefas que puxam mais pelo CPU, o computador não desilude ninguém. Isso também se deve ao GPU (em português: placa gráfica) que é dedicada. Uma Nvidia MX150 que neste portátil faz um trabalho execional. Por outro lado, o computador aquece a sério. Quando está a desempenhar funções mais exigentes, começa a aquecer que é obra. Demasiado quente, mesmo.
A placa gráfica Nvidia MX150 faz neste portátil um trabalho execional
Outra coisa que gostei muito foi o leitor de impressões digitais. Está colocado sobre o botão de power e é muito mais fiável do que outros que experimentei, com tecnologias mais antigas. Este é parecidíssimo com os leitores de impressões digitais que agora aparecem nos smartphones. Funciona bem. Sempre.
E o que dizer do ecrã? Mais opiniões favoráveis, claro. É que para além de ter umas bordas bem fininhas e isso permite que, face a um computador com uns três anos, por exemplo, os ganhos em termos de área disponível para trabalhar sejam bastante grandes. Os portáteis como este não aumentaram de tamanho, mas os seus ecrãs sim. E isso é tão bom.
A Huawei já não faz produtos maus
Há uns anos ainda nos espantávamos com a qualidade de construção que esta fabricante chinesa conseguiu atingir. Agora já não é assim. E ainda bem. Hoje em dia, é suposto que os equipamentos da Huawei sejam robustos, sem arestas vivas e produzidos com o mesmo cuidado que a Apple aplica aos seus produtos.
Claro que também erra e num outro portátil optou por colocar a câmara das videochamadas escondida debaixo de uma tecla. A ideia era dar privacidade ao utilizador, mas o resultado prático foi outro. Posta tão em baixo, e com um ângulo mal pensado, sempre que se queria utilizar o Skype, o que aparecia no outro computador era uma cabeça que começava do nariz para baixo. Isto a menos que o utilizador se pusesse em posições esquisitas. A boa notícia é que neste portátil a câmara das videochamadas voltou ao topo do ecrã. Pena que não venha com uma forma de a tapar (para dar mais privacidade quando não está a ser usada), mas pelo menos é utilizável.
Está carregado de coisas boas, mas...
... não é preciso ser muito picuinhas para encontrar pontos que podiam deixar os utilizadores mais felizes.
E de uma forma ou de outra, estão todos relacionados com a bateria. Por exemplo, o brilho do ecrã. Foram várias as vezes em que achei que estava a olhar para um monitor que parecia não estar a dar tudo. Talvez seja por estar habituado ao meu X1 Carbon, da Lenovo, mas nunca me senti totalmente confortável com o brilho que o MateBook 13 atira cá para fora. E fiquei a pensar que talvez não o faça para conservar a bateria.
achei que estava a olhar para um monitor que parecia não estar a dar tudo
A verdade é que a autonomia deste portátil não é das melhores que se encontram no mercado. E a Huawei procurou estica-la de todas as formas possíveis. É o caso (parece-me) da intensidade da luz do ecrã, mas também do teclado retroiluminado. Basta ficar um pouco sossegado e ele desliga-se. E só volta a ligar-se quando o utilizar o ativar e não, como seria suposto, quando alguém voltar à escrita.
Alguém tem de ceder
O Huawei MateBook está cheio de prós e contras. De um lado o desempenho, do outro a bateria; a fiabilidade vs. o ecrã pouco intenso; a seu favor o design, contra si a obrigação de usar uma docking station para ligar a um monitor externo; de um lado a América, do outro a China.
O Huawei MateBook está cheio de prós e contras [...] de um lado a América, do outro a China.
A pergunta que se impõe é se o utilizador aceita fazer compromissos. Não precisa de um monitor externo? Acha que a temperatura só fica mesmo alta de vez em quando? A autonomia da bateria é suficiente? Então tudo bem. Aposto que o desempenho e o aspeto vão deixar os seus compradores muito felizes.
Já a mim, nem tanto.
E depois há esta coisa da América vs. China que não se sabe muito bem como vai terminar e, a prazo, o que quererá dizer para atualizações de software e patch de segurança do Windows.