No fundo do oceano vive o único ser vivo conhecido capaz de rejuvenescer sempre que necessário, evitando a morte: as Turritopsis dohrnii.
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Um grupo de cientistas espanhóis acredita ter desvendado o código genético das Turritopsis dohrnii, conhecidas como "medusas imortais".
Estes seres vivos são os únicos capazes de reverter o processo de envelhecimento e nunca chegam a morrer. Quando envelhecem ou correm risco de vida demoram apenas três dias a voltar a para um estádio inicial de desenvolvimento - o pólipo - capaz de formar centenas de clones que darão origem a centenas de novas medusas geneticamente idênticas à primeira.
A vida destas medusas divide-se assim em duas fases: se houver escassez de alimento habitam o solo marinho numa forma juvenil e assexuada e só quando têm melhores condições de sobrevivência assumem a sua forma adulta e se reproduzem. O ciclo repete-se ininterruptamente, evitando a morte por causas naturais.
Num estudo publicado esta segunda-feira na revista científica Proceedings of the National Academy of Sciences, 14 investigadores da Universidade de Oviedo sequenciaram o genoma das Turritopsis dohrnii comparando-o com o das Turritopsis rubra, uma espécie muito semelhante, mas que perde a capacidade de rejuvenescimento após a reprodução sexual.
As variações genéticas do genoma das "medusas imortais" fazem com que estas sejam capazes de copiar e reparar facilmente o seu ADN e aparentam ter maior facilidade em manter intactos os telómeros, enquanto nos seres humanos o comprimento destas estruturas que formam as extremidades dos cromossomas diminui progressivamente com a idade.
O estudo permite-nos conhecer melhor esta espécie, mas não representa avanços no estudo do envelhecimento dos humanos. Citada pelo The Wall Street Journal a bióloga e principal investigadora do estudo é bem clara: "É um erro pensar que teremos imortalidade como esta medusa, porque não somos medusas".