CNE investiga possível ingerência nas eleições após anúncios no YouTube contra PS e AD
Os vídeos já foram removidos da plataforma e a comissão está agora à espera que a Google forneça mais informações para perceber se a lei eleitoral foi violada.
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Em plena campanha eleitoral, dois anúncios contra o PS e a AD que estiveram no YouTube e foram entretanto removidos estão a motivar uma investigação da Comissão Nacional de Eleições, que admite que possa estar em causa uma ingerência.
Os dois clipes surgiam em forma de anúncio antes da reprodução de outros vídeos - uma forma de distribuição que é paga – e eram promovidos por duas entidades diferentes: um era da responsabilidade de um grupo chamado Jovens Bolsonaristas, com o PS como alvo, e o outro era assinada pelos "Jovens por Portugal” e tinha a AD na mira.
Entretanto, o YouTube já removeu as duas mensagens, mas a CNE quer saber mais sobre o que se passou, como explicou à TSF o porta-voz Fernando Anastácio, que admite que possa estar em causa "uma campanha de desinformação e com objetivo de, de alguma maneira, estar aqui a interferir no processo eleitoral”.
Assim, a CNE já tentou falar com a Google – que é dona do YouTube – para perceber se toda a situação se confirma nestes moldes, "quem são os autores e, obviamente, confirmando que se trata de publicidade, se for o caso, confirmando que isso corresponde a uma violação das leis eleitorais”.
Apesar de o YouTube ter retirados os vídeos, estes terão primeiro passado com sucesso pelo crivo da plataforma de vídeo, o que também merece críticas por parte da CNE: “Tem obrigação também de ter a perceção das leis eleitorais do país e, portanto, não aceitar certo tipo de publicações que possam ser contrárias a essas mesmas leis.”
A informação disponível sobre o caso ainda não permite à CNE, "com absoluta certeza, garantir que os factos e os comportamentos que ali estão consistem em violações da lei”, mas para já “tudo aponta que sim”. Ou seja, depende do que a Google consiga confirmar sobre este caso, sendo que a CNE ainda não consegue avaliar se esta se tratou de uma tentativa de ingerência por parte de estrangeiros nas eleições portuguesas.
Para já, a CNE saúda a atitude mais colaborante que o YouTube tem demonstrado para com as autoridades em relação ao passado, produto também de um "conjunto de alterações de legislação” a nível europeu.
"Ainda há dificuldades, mas tende a melhorar. Há aqui um esforço global nesse sentido”, reconhece, deixando um aviso: "Nós em Portugal até aqui ainda não tínhamos sofrido muito esta realidade, mas a tendência é para que ela esteja cada vez mais presente.”
Numa resposta enviada à TSF, fonte do YouTube garante que a plataforma apoia a publicidade política responsável, mas que é da responsabilidade dos seus utilizadores garantirem que os anúncios cumprem as leis locais em toda a Europa, incluindo em Portugal.