"Contribuições foram na inteligência artificial." Ex-presidente do Técnico surpreendido com vencedores do Nobel da Física
Arlindo Oliveira olha para este prémio mais como uma "distinção feita à investigação na área" do que às contribuições dos galardoados
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O antigo presidente do Instituto Superior Técnico (IST), Arlindo Oliveira, confessa-se surpreendido com os vencedores do Prémio Nobel da Física deste ano. Reconhece o bom trabalho de John J. Hopfield e Geoffrey E. Hinton, mas entende que a distinção serve sobretudo para homenagear a importância da investigação na área da inteligência artificial.
Em declarações à TSF, o investigador do IST admite que o trabalho de ambos os cientistas é muito valorizado. "Hopfield ficou conhecido pela criação de um conjunto de redes que assumem uma determinada configuração perante certos estímulos", adianta, não arriscando entrar em detalhes, até porque "a explicação técnica é um bocadinho complicada".
Quanto a Geoffrey Hinton, Arlindo Oliveira destaca as várias contribuições do britânico, ao longo dos anos, em particular na criação da "primeira rede capaz de reconhecer imagens", há cerca de dez anos. Lembra ainda que os cientistas somam vários prémios, entre eles o Turing Award, "o Prémio Nobel da computação", como lhe chamou, ganho por Hinton em 2018.
Ainda assim, Arlindo Oliveira não compreende em pleno a razão de ver estes investigadores associados a um prémio na área da Física. "Embora haja alguma inspiração em algumas componentes, as contribuições foram na área da engenharia informática, ou inteligência artificial", argumenta. Reconhece, porém, que este seria sempre um prémio difícil de atribuir, até porque há muitos investigadores a trabalhar nesta área.
"Ferramentas como o ChatGPT foram tornadas possíveis por investigação na área da aprendizagem automática, e eu vejo este prémio mais como uma distinção feita à investigação na área, que foi personificada nestas duas pessoas, do que propriamente pelas contribuições aqui premiadas, que foram importantes, mas não únicas", reforça, acrescentando que "podia ter escolhido estes dois, mas também podia ter escolhido outros dois".
Os investigadores John J. Hopfield e Geoffrey E. Hinton foram laureados com o Prémio Nobel da Física, esta terça-feira, num anúncio feito pela Real Academia Sueca de Ciências. O norte-americano e o britânico foram reconhecidos por terem utilizado ferramentas da Física para desenvolver métodos que estão na base da inteligência artificial, na área do chamado machine-learning, ou "aprendizagem de máquinas". É a explicação dada pelo Comité do Prémio Nobel.
É o segundo prémio Nobel a ser anunciado esta semana, depois do da Fisiologia ou Medicina, na manhã de segunda-feira. Seguem-se os galardões relativos à Química, na quarta-feira, à Literatura, na quinta-feira, e à Paz, na sexta-feira.
