"De papo para o ar" a olhar para o céu. Vêm aí as Perseidas, as chuvas "ricas em meteoros brilhantes e rastos persistentes"
O ideal é observar o fenómeno em locais escuros, longe das grandes cidades. À TSF, Ricardo Reis, comunicador de ciência do Planetário do Porto, do Centro de Ciência Viva, refere que estão previstos "até cem meteoros por hora"
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Está de volta uma das maiores chuvas de meteoros do ano: as Perseidas vão iluminar os céus durante a próxima madrugada, deste domingo para segunda-feira. Desta vez, contudo, o pico do fenómeno acontecerá mais durante o dia (entre as 10h00 e as 22h00 de segunda-feira, com "maior probabilidade" de ocorrer pelas 15h00), mas essa não será uma desculpa para não olhar para cima logo durante a noite.
"Esta chuva, em particular, tem um aumento gradual do número de meteoros até ao pico e, como as Perseidas são ricas em meteoros mais brilhantes e com rastos mais persistentes, as madrugadas de 11 e 12 [de agosto] são as ideais para ficar uma hora a olhar para o céu a ver os meteoros passarem", explica à TSF Ricardo Reis, comunicador de ciência do Planetário do Porto, do Centro de Ciência Viva.
O especialista indica que "o ideal é ficar à espera que o radiante, ou seja, o ponto de onde parecem emanar os meteoros - a constelação de Perseu -, nasça", algo que acontece por volta das 23h30. "Quanto mais alto ele estiver no céu, em princípio, mais meteoros se consegue ver. Portanto, se quisermos começar a observar, será por volta das 23h00/24h00 virados para este. Depois, quanto mais próximo do amanhecer, em princípio, mais meteoros se consegue ver. Nessa altura, a constelação já está bastante mais alta e mais virada a nordeste", avisa Ricardo Reis.
As chuvas de meteoros acontecem quando a Terra atravessa "o rasto dos detritos deixados por cometas". No caso das Perseidas, trata-se do cometa 109P/Swift-Tuttle, descoberto em 1862. "Este é um cometa que tem um núcleo de 26 quilómetros de diâmetro. Por comparação, o meteorito que terá provocado a extinção dos dinossauros teria 12 quilómetros, ou seja, metade do tamanho. Portanto, este é o maior objeto que ciclicamente passa pela órbita da Terra. Deixa um detrito bastante grande e, quando a Terra atravessa estes detritos deixados pelos meteoros, eles queimam na nossa atmosfera e nós vemos este fenómeno", descreve.
O efeito das Perseidas no céu
"Vamos ver riscos luminosos que atravessam o céu, aparentemente vindos de todo o lado, mas, na realidade, se conseguíssemos tirar uma fotografia de longa exposição, veríamos que eles aparentemente viriam todos dirigidos da constelação de Perseu. É uma questão de perspetiva. Basicamente, esse é o lado da Terra que está virado para o rasto do cometa e, por isso, parece que eles vêm dessa constelação. Como estes rastos estão sempre no mesmo sítio e a Terra passa sempre por eles mais ou menos na mesma altura, conseguimos prever quando é que eles acontecem e o número de meteoros que conseguimos ver", esclarece Ricardo Reis.
Durante a próxima madrugada, em céus escuros, sem luz ou poluição luminosa, estão previstos "até cem meteoros por hora". Por outro lado, no caso das cidades, o número de meteoros visíveis cai para cerca de 10% desse valor.
Uma das mais "interessantes" chuvas de meteoros do ano
As Perseidas "são particularmente brilhantes e com um rasto persistente". O comunicador de ciência afirma que "a maior parte das chuvas de meteoros tem partículas muito pequenas e o tempo que eles [os meteoros] demoram a queimar na atmosfera e a consumir-se é muito curto". "Quando se faz a observação de meteoros, há sempre aquela tendência de: 'olha um!' e quando alguém se vira para lá ele já desapareceu. Portanto, estamos a falar de meteoros que duram menos de um segundo."
No entanto, "as Perseidas - e é isto que torna esta chuva de meteoros interessante - são mais persistentes, [os meteoros] duram mais de um segundo e consegue ver-se com um bocadinho mais de facilidade. É por isso que, apesar do pico não ser favorável este ano, apesar de tudo, em princípio, vamos conseguir ver uma alguma quantidade de meteoros", sublinha.
Dicas para observar o fenómeno
Para conseguir ver a chuva de meteoros durante a próxima madrugada, Ricardo Reis aconselha a "estar acordado uma hora antes do amanhecer". "De preferência, num sítio onde não haja nada a tapar o horizonte para o lado nordeste e, depois, o ideal é ficar deitado, de papo para o ar a olhar para o céu e a ver os meteoros passar", refere.
Se não conseguir ver as Perseidas durante a noite deste domingo para segunda-feira, não se preocupe: estes meteoros estão ativos desde o dia 17 de julho e assim vão ficar até 24 de agosto. "Embora o número de meteoros vá aumentando gradualmente até ao máximo, depois cai rapidamente. A partir do dia 13 [de agosto] o número de meteoros cai consideravelmente. Ainda é possível ver um ou outro, mas o número de meteoros já vai ser consideravelmente mais baixo", acrescenta.