Esta noite, deite-se "de barriga para o ar" e "olhe para cima". Vem aí uma chuva de meteoros
São as Líridas e atingem o seu pico na madrugada deste sábado para domingo. Estão previstos 18 meteoros por hora e alguns deles com "rastos muito brilhantes".
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Começaram no dia 14 de abril, prolongam-se até ao dia 30, mas atingem o pico esta madrugada. Na noite deste sábado para domingo (de 22 para 23 de abril), entre a 01h00 e as 05h00 olhe para o céu. Vem aí uma chuva de meteoros: as Líridas.
Esta chuva será visível em todo o mundo, incluindo Portugal, e, segundo Ricardo Reis, do grupo de comunicação de ciências do Instituto de Astrofísica e Ciências do Espaço, este "é um ano bom". Apesar de as Líridas não serem "as principais" chuvas de meteoros do ano - estão previstos 18 meteoros por hora no seu pico -, muitos deles serão "bólidos", ou seja, "duram mais tempo e fazem rastos muito brilhantes".
Além disso, a fase da Lua também estará favorável à visibilidade deste fenómeno. "Vamos ter a Lua nova e um quarto crescente muito fininho que praticamente não ilumina o céu. Quem se puder deslocar para locais escuros para observar, de certeza que vai ver alguns meteoros a cruzar o céu", assegura à TSF Ricardo Reis.
"O número de meteoros que está previsto em céus escuros é cerca de 10% daquilo que vemos quando estamos numa cidade. Neste caso, vemos cerca de 20 meteoros por hora num céu escuro, numa cidade o típico seria ver dois, mas como esta chuva tem os bólidos, que são mais brilhantes, a probabilidade de ver mais meteoros é bastante grande, mesmo em cidades", sublinha.
O que são as Líridas?
Tal como acontece com todas as outras chuvas de meteoros que ocorrem ao longo do ano, estas representam "a passagem da Terra pelo rasto deixado por cometas que intersetam a órbita de Terra", explica.
No caso das Líridas, o cometa em causa é o C1861 G1 Thatcher. "Conforme a Terra atravessa este rasto de poeiras deixado pelo cometa, elas entram a alta velocidade na nossa atmosfera, ficam incandescentes e formam meteoros", afirma o especialista.
O nome "Líridas" surge da constelação do céu a que estão associadas: "Todas as chuvas de estrelas ou de meteoros têm o nome que está associado à constelação do céu de onde elas parecem emanar, é uma espécie do ponto de fuga, a zona da Terra que está virada para aquela direção do céu quando atravessamos o rasto do cometa. No caso das Líridas, esse radiante está na constelação da Lira, daí o nome Líridas."
Como observar o fenómeno?
Para conseguir ver os meteoros nesta madrugada, não precisa de nenhum equipamento especial. Basta, diz Ricardo Reis, "ir o mais longe possível das cidades, para céus escuros".
"Virem-se para a constelação da Lira, que nasce por volta das 22h00. Se puderem estar virados para Este, quando chegar o máximo, em princípio, vamos ver vários meteoros a vir dessa direção. Apesar do ponto de onde elas parecem emanar ser a constelação da Lira, elas [as Líridas] podem aparecer em todo o céu. O ideal é mesmo um sítio com o máximo de céu possível, de preferência deitado de barriga para o ar a olhar para cima, virado para o lado da constelação da Lira", acrescenta.