A Inteligência Artificial, em Portugal, vai ter impacto em profissões onde trabalham mais mulheres, em profissões mais bem remuneradas e onde estão os mais jovens.
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De acordo com o relatório, publicado esta quinta-feira, sobre “O Estado da Educação, Emprego e Competências”, promovido pela Fundação José Neves, é analisada a vulnerabilidade à Inteligência Artificial (IA) enquanto substituto ou complemento do trabalho.
Assim, o relatório reconhece que a IA pode ter uma “vulnerabilidade elevada” em certas atividades. “São os trabalhadores no setor das Atividades financeiras e de seguros, das Atividades de informação e de comunicação e das Atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares que apresentam maior” risco.
Já, 30% dos trabalhadores em atividades intelectuais e científicas poderão ver as suas tarefas substituídas pela IA.
“Em Portugal, as mulheres e os trabalhadores com níveis de educação mais elevado são os grupos em que a IA poderá ter um impacto maior. Em ambos os casos, a percentagem de trabalhadores que apresentam uma exposição elevada à IA e cujas tarefas podem ser substituídas pela IA é superior”, sublinha o relatório.
No caso das mulheres, 15,1% estão em profissões de vulnerabilidade elevada. Para os homens, estes valores são de 9,4%. Em termos etários, “o grupo com maior vulnerabilidade elevada está na faixa dos 25 aos 34 anos, onde a percentagem de trabalhadores nessa categoria é de 14,7%”.
O relatório faz também “a análise da vulnerabilidade por nível de remuneração e mostra que são os trabalhadores com salários acima dos 2 mil euros que poderão estar mais vulneráveis aos desafios trazidos pela IA. Neste grupo, 26,3% estão em profissões de vulnerabilidade elevada, em que poderão ver as suas tarefas substituídas pela IA”.
Mestrado, um requisito cada vez mais solicitado
“A tendência de ofertas de emprego no mercado laboral português para profissões que geralmente indicam a necessidade de um mestrado ou doutoramento como requisito de acesso mostra uma tendência de crescimento que parece ter acelerado sobretudo a partir de 2022” (38,5% – dezembro de 2023), refere o relatório.
Por outro lado, “os trabalhadores mais qualificados são os que beneficiam de maiores retornos salariais. O ganho adicional de ter o Ensino Superior face ao Ensino Secundário foi, para a população entre os 18 e os 64 anos de 49% em 2023”.