Investimento e emprego. Escola de Elvas vai ensinar a produzir canábis para fins medicinais
O curso abre em setembro. É apresentado oficialmente este sábado na IV Conferência da Canábis Medicinal na Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra. É lá que vão estar os profissionais da área médica e a maior parte das indústrias estabelecidas em Portugal
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O curso técnico superior profissional em Tecnologias de Produção e Processamento de Canábis Sativa é considerado pioneiro na Europa e tem uma componente prática ligada às empresas do norte alentejano.
É um curso para responder às necessidades das empresas que produzem canábis para fins medicinais. A diretora da Escola Superior de Biociências de Elvas do Instituto Politécnico de Portalegre, Rute Santos, sublinha a falta de mão de obra qualificada num mercado em crescimento.
"Estamos localizados em Elvas, no distrito de Portalegre. Não é uma área em que haja muitos novos investimentos a nível empresarial e industrial, mas nos últimos anos, a nível nacional e na nossa região, têm entrado em funcionamento várias unidades de produção de canábis para fins medicinais", afirma Rute Santos.
Os pedidos chegam de vários pontos do norte alentejano. Os investidores em Elvas, Campo Maior e Montemor-o-Novo querem profissionais que dominem o processo de produção de uma cultura exigente e sensível.
O assunto é sério: investimento e emprego. As 15 vagas do curso estão a atrair jovens e não só: "Estamos a ter muitos contactos de pessoas que até já trabalham neste sector e que têm interesse em fazer esta formação por motivos profissionais."
"Obviamente que poderá haver jovens interessados, mas eu gostava de realçar que, independentemente desta cultura, nomeadamente entre os mais jovens, estar associada a fins recreativos, essas empresas em Portugal, o seu licenciamento e o seu objetivo de produção não são as finalidades recreativas, são as exportações para a indústria farmacêutica. O produto, que é produzido em Portugal, é fundamentalmente exportado e é esse o objetivo da formação", acrescenta.
Por isso, os investidores querem profissionais que dominem o processo de produção de uma cultura exigente, e também as normas da indústria: "Estas empresas têm uma regulamentação fortíssima. Carecem sempre de autorizações, designadamente do Infarmed, e há também um controlo de segurança apertado. As empresas também trabalham as suas variedades vegetais que são alvo de propriedade intelectual, ou seja, não são de acesso genérico."
As aulas práticas vão decorrer numa estufa com tecnologia avançada na MHI, uma filial da Medicane, uma multinacional de origem canadiana. "Eles já empregam alguns diplomados nossos. Mostraram-se de imediato disponíveis para colaborar connosco na estruturação do curso, e para nós, é mais importante ainda, em acolher num espaço dedicado a componente prática de formação in loco, na estufa", explica Rute Santos.
O curso técnico superior profissional "é considerado pioneiro na Europa porque, embora existam cursos de formação nesta área, são, de acordo com o levantamento que fizemos, cursos de formação contínua e de curta duração". No caso deste, que vai ser lecionado na Escola Superior de Biociências de Elvas, os alunos ficam com o diploma de técnico superior profissional depois de dois anos de estudo.