Meta processada por dezenas de estados americanos por afetar "saúde física e mental dos jovens"
Segundo a denúncia apresentada esta terça-feira, as funções do Facebook e Instagram foram desenhadas para "manipular os utilizadores jovens para que façam um uso compulsivo e prolongado das plataformas".
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Mais de 40 estados norte-americanos avançaram com um processo contra a gigante tecnológica Meta, no qual acusam as redes sociais Facebook e Instagram de prejudicar "a saúde física e mental dos jovens".
"A Meta explorou tecnologias poderosas e sem precedentes para atrair e, em última instância, prender jovens e adolescentes com o objetivo de obter lucros", afirmam os procuradores-gerais na denúncia apresentada esta terça-feira a um tribunal da Califórnia e à qual a AFP teve acesso.
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Os estados, governados tanto por democratas como por republicanos, acrescentam que o grupo californiano "ocultou a forma como estas plataformas exploram e manipulam os seus consumidores mais vulneráveis" e acusam-na de "negligenciar os danos consideráveis que essas plataformas causaram à saúde mental e física dos jovens do país".
Contactada pela AFP, a Meta contou estar "desiludida" pelo caminho escolhido pelos procuradores, lamentando ainda que não tenham "preferido trabalhar diretamente com as empresas do setor para criar normas claras e adaptadas à idade das inúmeras aplicações usadas pelos adolescentes".
"Compartilhamos o compromisso dos procuradores-gerais de proporcionar aos adolescentes experiências online seguras e positivas, e já introduzimos mais de 30 ferramentas para apoiar os adolescentes e as suas famílias", destacou um porta-voz do grupo.
A ação legal é o ponto culminante das investigações iniciadas em 2021 sobre os métodos das duas plataformas, considerados "viciantes" pelas autoridades.
Os procuradores-gerais decidiram tomar as rédeas do assunto este ano, depois de uma ex-funcionária do Facebook ter alertado sobre as práticas desta plataforma.
A engenheira de informática Frances Haugen partilhou mais de 20 mil páginas de documentos internos e denunciou, diante de diversos parlamentos, que a rede social colocava os lucros à frente da segurança dos utilizadores.
Segundo a denúncia apresentada esta terça-feira, as funções do Facebook e Instagram foram desenhadas para "manipular os utilizadores jovens para que façam um uso compulsivo e prolongado das plataformas".
Os procuradores acusam a Meta de mentir ao público, ao assegurar que os seus produtos eram seguros e adequados para adolescentes, e de "publicar propagandas enganosas" a este respeito. O processo também acusa a Meta de violar a Lei de Privacidade Infantil.
Os estados pedem, assim, aos tribunais que obriguem a Meta a acabar com estas práticas, exigindo ainda o pagamento de multas.
"Com a ação legal de hoje, marcamos uma linha que não deve ser ultrapassada", justificou o procurador-geral da Califórnia, Rob Bonta, num comunicado. "Devemos proteger os nossos filhos e não voltaremos atrás nessa luta", sentenciou.